O vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, disse nesta terça-feira (3) que a política ambiental do governo Jair Bolsonaro, a cargo do ministro Ricardo Salles, seguirá a mesma, independentemente do resultado da disputa presidencial nos EUA.
"A política ambiental não muda, independentemente do que vai acontecer nos EUA. Segue o baile", afirmou Mourão em entrevista aos jornalistas, após a terceira reunião do Conselho da Amazônia, responsável pela execução da GLO (garantia da lei e ordem) decretada para a região amazônica.
Na prática, a GLO militarizou a fiscalização dos crimes ambientais na região.
Participaram da reunião do conselho no Itamaraty 16 dos 23 ministros de Bolsonaro, entre eles Ricardo Salles, titular do Meio Ambiente, e o chanceler Ernesto Araújo.
O governo vive uma expectativa quanto ao desfecho da disputa presidencial nos EUA.
O democrata Joe Biden chegou ao dia da eleição como favorito, liderando as pesquisas de intenção de votos. Donald Trump, por quem Bolsonaro torce (e declarou apoio, até na véspera da eleição), busca a reeleição.
"Eu não sou o ministro do Meio Ambiente. O problema da Amazônia é um item na questão ambiental", disse o vice-presidente.
"Temos o problema da proteção, do desenvolvimento, se geramos emprego e renda sem que seja necessário invadir, derrubar árvore, abrir garimpos em terras indígenas. Por isso existe o conselho", afirmou Mourão.
O vice-presidente defendeu as diretrizes de Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente, citando cinco princípios, como controle, combate a ilegalidades, bioeconomia, pagamento por serviços ambientais e regularização fundiária. "Este é o quinteto que a gente tem de atuar", afirmou.
Mas, na entrevista aos jornalistas, ele fez uma crítica à paralisação de recursos no ministério de Salles, sendo esta a razão para a interrupção, por duas vezes, do combate a incêndios, segundo o vice-presidente. Os biomas mais afetados são Pantanal e Amazônia.
"Com recurso parado, fizeram o 'rapa' em cima de recurso do MMA. Houve um estresse, mas já está funcionando [o combate aos incêndios]."
O vice-presidente admitiu que "gostaria de dar um resultado melhor" sobre o combate ao desmatamento. "Não logramos até o presente momento. Mas vamos persistir."
Ele apontou a existência de áreas "vermelhas", com aumento do desmatamento, como na região da usina de Belo Monte, no Pará.
A reunião do Conselho da Amazônia antecede uma viagem organizada por Mourão à Amazônia, com a participação de embaixadores e representantes diplomáticos de diferentes países. A viagem começa nesta quarta-feira (4) e vai até sexta (6).
Araújo não embarcará na viagem. Ele permanecerá com Bolsonaro, acompanhando os desdobramentos da disputa presidencial nos EUA.
O vice-presidente, no discurso feito na reunião com os ministros, reconheceu que não há "resultados a celebrar" em relação aos índices de desmatamento na Amazônia e apontou o que ele entende como uma "reversão da tendência ascendente" do desmate.
Segundo Mourão, os dados dos satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram uma desaceleração em 2020, em comparação com 2019. "A queda está abaixo da nossa meta", disse o vice-presidente.
Os dados do Deter, sistema do Inpe usado como alerta instantâneo de áreas desmatadas, apontam que setembro de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, bateu o recorde de desmatamento desde o início do monitoramento por esse sistema. Foram perdidos 1.400 quilômetros quadrados de vegetação.
Em setembro deste ano, foram 1.000 km².
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