CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - O prefeito de Criciúma (SC), Clésio Salvaro (PSD), e outras nove pessoas foram presas preventivamente nesta terça-feira (3) no âmbito da Operação Caronte, que apura crimes envolvendo a concessão de serviço funerário na cidade. Os mandados de prisão, expedidos pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, foram cumpridos nas cidades de Criciúma, Florianópolis, Jaraguá do Sul e São José.
De acordo com a denúncia, foram constatadas fraudes ao longo do processo de licitação para atender a interesses de empresários de funerárias.
Em vídeo publicado nesta terça em seu perfil em uma rede social, Salvaro se diz inocente - ele afirma que se tornou alvo da investigação por razões eleitorais e culpa adversários.
O escritório Abreu & Sílvia Advogados Associados, responsável pela defesa do prefeito, disse em nota que recebeu com surpresa a prisão, "não apenas pelo fato de já haver denúncia oferecida, mas pela inexistência de qualquer fato novo que justifique essa medida extrema".
A defesa afirmou ainda que está ocorrendo uma "antecipação de pena" e que "não há justa causa para a própria ação penal, uma vez que os argumentos apresentados pelo Ministério Público estão longe de caracterizar qualquer prática criminosa do prefeito, senão o exercício legítimo do seu múnus público".
A investigação é realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) e pelo Geac (Grupo Especial Anticorrupção), braço do Ministério Público de Santa Catarina. Já o Gaeco é uma força-tarefa composta por Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal, Receita estadual e Corpo de Bombeiros.
De acordo com o Gaeco e com o Geac, os presos desta terça-feira foram submetidos a exame de corpo de delito e levados para o sistema prisional, onde aguardarão audiência de custódia.
Outras sete pessoas já haviam sido presas no início de agosto, na primeira fase da operação. Entre elas o ex-secretário de Assistência Social do município Bruno Ferreira.
Em 20 de agosto, todos os envolvidos foram denunciados pelo Ministério Público à Justiça Estadual pelos crimes de organização criminosa, fraudes licitatórias e contratuais, corrupção e crimes contra a ordem econômica e economia popular. Entre os denunciados estão empresários, servidores públicos e políticos. A reportagem tenta contato com a defesa de Bruno Ferreira.
Procurada, a Procuradoria-Geral do Município de Criciúma divulgou nota na qual afirma que ainda não foi comunicada oficialmente sobre os fatos. "Reforçamos que todos os serviços públicos municipais permanecem sendo prestados normalmente", diz.
Salvaro está no final de seu segundo mandato, mas tem atuado na campanha para tentar eleger o aliado Vaguinho (PSD) na prefeitura. Um debate entre os candidatos está marcado para a noite desta terça na afiliada da Record TV.
"Sei que não é um processo jurídico. Hoje tem a política que está se sobrepondo. Peço que todos continuem firme apoiando o Vaguinho. Vou estar com ele sempre, em todos os momentos da minha vida", afirmou o prefeito no vídeo divulgado em sua rede social.
O prefeito disse ainda que um dos seus "grandes projetos era organizar a central funerária". "Não vamos deixar que esta politicagem que estão fazendo tirem Criciúma do caminho certo. Criciúma está acima de tudo e Deus está acima de todos."
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta