O presidente do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), anunciou nesta quarta-feira (16) o apoio da bancada do partido à candidatura de Arthur Lira (Progressistas-AL), líder do Centrão e favorito do Palácio do Planalto para comandar a Casa nos próximos dois anos. A decisão representa um revés para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que nos próximos dias lançará um candidato para enfrentar o nome chancelado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Pereira é vice-presidente da Câmara e estava no grupo de Maia. O capixaba, eleito por São Paulo, queria entrar na disputa, mas percebeu que o colega não cogitava a sua candidatura, demonstrando predileção por Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB). Com o racha, o Republicanos - que tem 31 deputados - resolveu engrossar a campanha de Lira.
"A bancada decidiu porque verificou um veto velado do Maia à minha pessoa", disse Pereira ao Estadão/Broadcast. Ao deixar o grupo, na semana passada, Pereira sinalizou que poderia lançar uma candidatura independente, como uma terceira via na disputa pelo comando da Câmara. "Não aceito entrar em jogo jogado", disse ele, na ocasião.
O Planalto, porém, fez de tudo para Pereira respaldar Lira. O Estadão/Broadcast apurou que, caso o líder do Centrão não pudesse ser candidato, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apoiaria o presidente do Republicanos na disputa. Na avaliação do Planalto, Pereira sempre foi um aliado fiel, tanto que acolheu no partido os senadores Flávio Bolsonaro (RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (RJ).
Lira afirma ter cerca de 170 votos, de nove partidos diferentes: Progressistas, PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, Pros e Patriota. Com a adesão do Republicanos, o grupo pode agora chegar a 200 parlamentares. Para ser eleito, são necessários 257. O bloco montado por Maia, por sua vez, reúne seis partidos (PSL, DEM, MDB, PSDB, Cidadania e PV) e 157 deputados. O grupo ainda negocia o apoio de legendas da esquerda, que somam cerca de 130 parlamentares.
Maia disse que o Planalto tem estimulado uma candidatura própria da esquerda, nas últimas horas, com o intuito de enfraquecer uma frente mais ampla, liderada por ele. "Quem estimula hoje uma candidatura de esquerda é o governo", observou. Para ele, o Planalto está "oferecendo emendas e cargos" com o objeto de atrair votos para Lira.
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