O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta segunda (26) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) parece torcer contra o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19. Para o tucano, as últimas declarações do mandatário não são "humanitárias".
Mais cedo, Bolsonaro disse que um juiz não pode querer decidir sobre a obrigatoriedade da imunização contra a Covid-19. O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, havia afirmado que vê com bons olhos a Justiça entrar na discussão sobre a vacina do novo coronavírus e tomar uma decisão a respeito.
"Entendo que isso [não] é uma questão de Justiça, é uma questão de saúde acima de tudo. Não pode um juiz decidir se você vai ou não tomar a vacina. Isso não existe. Nós queremos é buscar a solução para o caso", afirmou Bolsonaro a apoiadores na porta do Palácio da Alvorada em uma transmissão editada feita por um canal pró-governo.
Para Doria, é preocupante o posicionamento. "Eu, pessoalmente, respeito as decisões do STF. É preocupante ver um presidente contestar uma manifestação preliminar do presidente da Suprema Corte do país."
"É inacreditável ter um presidente que não torça pela salvação das pessoas, pela vida das pessoas. Parece até que torce pelo contrário. Porque, se torcesse a favor, torceria por todas as vacinas que, de maneira eficaz e comprovada, puderem ser aplicadas a todos os brasileiros. É essa a visão que se esperaria de um líder no Brasil", disse Doria.
Na semana passada, Bolsonaro esvaziou um acordo anunciado na véspera por seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para a compra de 46 milhões de doses da vacina Coronavac, que está sendo desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista. O presidente já se referiu a ela como "vacina chinesa de João Doria".
A Sinovac está na terceira e última fase de testagem, quando se verifica sua segurança e eficácia. Segundo Doria, os pesquisadores estão em uma corrida pela confirmação da eficácia da vacina, mas diz que nenhuma dose será aplicada sem aval da Anvisa.
"Não estamos em uma guerra de vacinas, mas em uma corrida pela vacina. Somos favoráveis a todas elas, a todos os procedimentos que tragam salvação a doença. Para alguém, cristão como eu, não faz sentido alguém que não defenda as vacinas", disse Doria.
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