BRASÍLIA, DF - Os presidentes dos Três Poderes divulgaram nota conjunta na manhã desta segunda-feira (9) repudiando os atos golpistas e de vandalismo que ocorreram em Brasília no dia anterior.
"Os Poderes da República, defensores da democracia e da carta Constitucional de 1988, rejeitam os atos terroristas, de vandalismo, criminosos e golpistas que aconteceram na tarde de ontem em Brasília", diz a nota.
O documento é assinado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelo presidente do Senado em exercício, Veneziano Vital do Rêgo, pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, e pela presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber.
"Estamos unidos para que as providências institucionais sejam tomadas, nos termos das leis brasileiras. Conclamamos a sociedade a manter a serenidade, em defesa da paz e da democracia em nossa pátria", segue o texto divulgado.
Pela manhã, Lula se reuniu com a ministra Rosa Weber e com o deputado Arthur Lira no Palácio do Planalto. Ele divulgou um registro da reunião em seu perfil no Twitter e escreveu "Firmes na defesa da democracia".
Também participaram do encontro, segundo divulgado em agenda oficial do presidente, os ministros do STF Roberto Barroso e Dias Toffoli, além de José Múcio (Defesa), Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Secom).
O presidente Lula tem também reunião com os comandantes das Três Forças ainda nesta segunda.
A divulgação da nota ocorreu após encontro das autoridades no gabinete presidencial do Planalto, no qual os vândalos não conseguiram entrar, por ser uma sala blindada.
A ideia é mostrar que, apesar da depredação física do local, as instituições continuam funcionando, segundo Pimenta.
Nesta manhã, o cenário era de destruição no Planalto, em especial o térreo e o segundo andar, onde ocorrem as cerimônias.
Jornalistas se aglomeram nas portas do Planalto para acompanhar agenda de Lula, enquanto funcionários da presidência limpam o local. Uma servidora chegou a passar mal no segundo andar devido ao cheiro de gás lacrimogêneo, que permanece no Salão Nobre.
Mais cedo, a jornalistas, o ministro da Secom disse que vândalos golpistas que invadiram o Palácio do Planalto, além de armas, levaram também HDs e documentos.
Segundo Pimenta, houve cumplicidade com os criminosos, que "conheciam" o Planalto. Outra parcela estava apenas destruindo o local e muitos estavam bêbados.
"Uma parte das pessoas [no Palácio] sabia o que estavam fazendo. Enquanto a horda destruía tudo, uma parte agia com inteligência. Levaram muito HD, levaram armas, documentos", disse a jornalistas na porta do Planalto.
No domingo (8), manifestantes golpistas, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tomaram a sede dos Três Poderes, invadindo e depredando os prédios. O episódio levou ao afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, pelo ministro Alexandre de Moraes. O GDF é responsável pela segurança na região da Esplanada.
O então secretário de segurança pública e ex-ministro de Bolsonaro, Anderson Torres, foi exonerado ao longo do domingo e teve a prisão solicitada pela AGU (Advocacia-Geral da União).
O GDF se manifestou em nota nesta segunda, um dia depois do afastamento de Ibaneis, dizendo repudiar "com veemência os atos terroristas ocorridos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no último domingo".
O Governo do DF disse também que criou um gabinete de crise para colaborar "de todas as formas" com as investigações e ressaltou que a possível participação de servidores nos atos será analisada pela Controladoria-Geral.
"Nenhuma depredação do patrimônio público será tolerada. O GDF vai seguir trabalhando normalmente, mantendo as agendas previamente acertadas, com lançamentos de obras e entregas", acrescentou.
Veja a íntegra da nota:
Os poderes da República, defensores da democracia e da carta Constitucional de 1988, rejeitam os atos terroristas, de vandalismo, criminosos e golpistas que aconteceram na tarde de ontem em Brasília.
Estamos unidos para que as providências institucionais sejam tomadas, nos termos das leis brasileiras.
Conclamamos a sociedade a manter a serenidade, em defesa da paz e da democracia em nossa pátria.
O país precisa de normalidade, respeito, e trabalho para o progresso e justiça social da nação.
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