A professora Ana Lúcia Martins (PT), primeira vereadora negra eleita em Joinville (SC), voltou a receber ameaças de morte, desta vez junto com Alisson Júlio (Novo), que é cadeirante e foi o vereador com mais votos na cidade.
A nova ameaça foi enviada por email aos dois eleitos, a defensores de direitos humanos e ativistas contra o racismo.
"Eu avisei que se vocês fossem na polícia eu ia ficar sabendo", diz a mensagem. "Pois agora você vai morrer também. Dei um crédito por você ser branco, mas você pisou na bola".
A mensagem tem ofensas racistas contra Ana Lúcia e discriminatórias contra Alisson.
"O vereador Alisson Júlio manifestou publicamente sua solidariedade a mim e registrou um BO. Esse gesto desencadeou violenta reação de quem fez os ataques", disse Ana Lúcia.
"Precisamos saber quem está por trás desses ataques e que os envolvidos sejam responsabilizados criminalmente. São ameaças de morte diretas para duas pessoas eleitas democraticamente".
A direção do partido Novo de Joinville divulgou uma nota de repúdio e pediu às autoridades que identifiquem o responsável.
Na manhã de domingo (22), a Polícia Civil de Santa Catarina cumpriu mandado de busca e apreensão na residência de um suspeito das ameaças.
O mandado judicial foi cumprido em Joinville por policiais da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso, com a participação do Instituto Geral de Perícias.
Um inquérito foi aberto e o caso tem sido apurado, inicialmente, como injúria racial e ameaça. De acordo com a Delegada de Polícia Cláudia Gonçalves, as investigações continuam.
"Sabia que não seria fácil. Estava ciente que enfrentaria uma certa resistência em uma cidade que elegeu apenas na segunda década do século 21 a primeira mulher negra. Só não esperava ataques tão violentos", afirmou Ana Lúcia, em nota publicada nas redes sociais após os primeiros ataques.
Segundo a advogada, Andreia Indalencio Rochi, Ana Lúcia também teve sua conta de Instagram invadida no dia da eleição. "Quando começou a apuração, com os primeiros resultados, a Ana teve uma invasão no Instagram. Apagaram algumas fotos e fizeram algumas coisas, mexeram no perfil", afirmou.
No dia seguinte começaram as ameaças no Twitter, dizendo que precisam matá-la para um suplente branco assumir, que fascistas mandam e que ela precisa se cuidar.
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