Secretários municipais, colaboradores diretos do prefeito Marcello Crivella e até o procurador-geral do município do Rio participam de grupo que, segundo a TV Globo, controla "plantão" de funcionários públicos na frente de hospitais da cidade para impedir divulgação de denúncias.
O chefe da Casa Civil, Ailton Cardoso da Silva, é um dos administradores do grupo Guardiões do Crivella, que inclui também Marcelo da Silva Moreira Marques, procurador-geral do município, e a secretária de Saúde, Bia Busch.
O secretário de Cultura, Adolfo Konder, o fotógrafo pessoal do prefeito, José Edivaldo, a assessora da primeira-dama, Rosângela Gomes, e a consultora de Comunicação da Prefeitura Valéria Blanc integram a lista.
Segundo reportagem do RJTV, da TV Globo, funcionários públicos da cidade do Rio de Janeiro fazem "plantão" na frente de unidades de saúde municipais para impedir que jornalistas e cidadãos denunciem problemas nos hospitais ou na gestão da saúde municipal.
Em duplas ou sozinhos, os funcionários batem o ponto na frente de hospitais municipais mandando fotos para comprovar a presença em um grupo no WhatsApp nomeado "Guardiões do Crivella", criado em março de 2018, numa alusão ao prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).
A função desses servidores seria dificultar o trabalho de jornalistas ao contradizer e constranger cidadãos para que desistam de conceder entrevista aos repórteres.
Os funcionários são organizados e recebem as escalas por meio de três grupos no WhatsApp: "Guardiões do Crivella", "Plantão" e "Assessoria Especial GBP" [Gabinete do Prefeito].
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro instaurou, nesta terça-feira, procedimento preparatório criminal para investigar a possível prática de crimes por Crivella "pela montagem e manutenção de um serviço ilegal na porta dos hospitais municipais", diz a nota do órgão.
Além do crime de associação criminosa, previsto no artigo 288 do Código Penal, e de acordo com o Ministério Público, será avaliada a prática da conduta criminosa do artigo 1º, inciso II do decreto lei 201/67, que dispõe sobre a responsabilidade de prefeitos.
Em nota, a Prefeitura do Rio lamentou o interesse da TV Globo em fazer manipulação da notícia na porta dos hospitais.
"A Globo dizia, de maneira irresponsável e criminosa, no fim de 2019, que o Hospital Albert Schweitzer estava fechado, quando, na verdade, continuava aberto e funcionando plenamente. Por isso, funcionários da Prefeitura ficaram nas portas dos hospitais para esclarecer a população e rebater mentiras que são repetidas no noticiário da emissora", afirmou.
"Essas mentiras colocaram a saúde das pessoas em risco, porque muitas poderiam deixar de procurar a unidade por acreditar nas notícias falsas divulgadas pela emissora."
A prefeitura acusou ainda a TV Globo de fazer chantagem em troca de dinheiro de publicidade. "Nenhuma pressão a fará destinar dinheiro de publicidade à TV Globo e reafirma seu propósito de continuar trabalhando em benefício da população."
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