A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo demitiu nesta quarta-feira (19) uma professora de educação básica da rede estadual que publicou em uma rede social mensagens dizendo que o caso da menina de dez anos estuprada no Espírito Santo "não foi nenhuma violência".
"Ela já tinha vida sexual há quatro anos com esse homem. Deve ter sido bem paga", afirmou a profissional de educação básica Eliana Nuci de Oliveira em uma postagem. Em outra, ela diz que "crianças se defendem chorando pra mãe, esta menina nunca chorou por quê?".
"[Ela foi] demitida imediatamente para não estar próxima de nossas crianças e jovens", afirma o secretário da pasta, Rossielli Soares da Silva. "É um absurdo uma profissional que deve ser educadora e defensora da infância afirmar que não é uma violência. Repúdio total a qualquer um que defenda um absurdo."
A reportagem tentou localizar a professora, mas não conseguiu.
Uma menina de dez anos da cidade de São Mateus (ES) engravidou após ter sido estuprada por cerca de quatro anos. Suspeito de ter praticado esses abusos, o tio da menina foi preso na terça (18). O homem foi indiciado sob suspeita de ameaça e estupro de vulnerável, ambos praticados de forma continuada.
A garota procurou atendimento médico no dia 7 de agosto, dizendo estar com dores abdominais. A unidade de saúde então constatou a gravidez. Na sexta (14), ela foi levada ao Hucam (Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes), onde foi constatada gestação de 22 semanas e quatro dias. No mesmo dia, uma decisão judicial autorizou a realização do aborto, mas o hospital alegou não ter condições técnicas de realizar o procedimento.
No domingo, a menina foi levada a Recife, onde conseguiu realizar o aborto no Cisam (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros). Ela e a avó tiveram de entrar no local escondidas em um porta-malas devido a protestos de grupos conservadores, contrários ao aborto. Grupos feministas, como o Fórum de Mulheres de Pernambuco, também estiveram no local para apoiar a criança.
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