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Projetos de negros tramitam mais lentamente na Câmara, diz estudo

Projetos de negros tramitam mais lentamente na Câmara, diz estudo

Levantamento revela que propostas dos deputados pretos entram nas comissões em proporção semelhante à dos brancos, mas têm menos relatores designados e pareceres emitidos

Publicado em 20 de fevereiro de 2021 às 09:32- Atualizado há 4 anos

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Proposições feitas por negros não progridem da mesma forma que de brancos. (Pixabay)

As proposições de deputados federais tramitam com velocidade e efetividade distintas na Câmara federal, a depender do grupo racial que ele faz parte.

Mesmo com grandes semelhanças nos temas de que tratam, e no volume de proposições apresentadas, a efetividade na tramitação de proposições de pretos é significativamente mais baixa, segundo levantamento do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

O estudo foi produzido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a partir do monitoramento do legislativo brasileiro em 2019 e 2020.

De acordo com o levantamento, os projetos dos deputados pretos entram nas comissões em proporção semelhante à dos brancos, mas têm menos relatores designados e pareceres emitidos.

Os pesquisadores usaram a celeridade e o andamento de propostas para calcular uma nota de "efetividade na tramitação". Para deputados pretos, a nota é 5,4, diante de 6,5 para brancos.

Data: 06/11/2019 - ES - Vitòria - Nicolas Soares, entrevistado sobre o mês da consciência negra - Editoria: Cidades - Foto: Vitor Jubini - GZ(Vitor Jubini)

"Há barreiras institucionais e políticas importantes a serem enfrentadas na Câmara por parlamentares negros, mas especialmente por aqueles que se autodeclaram pretos", conclui o estudo.

Segundo os autores, não é a temática ou a quantidade de projetos apresentados que explica a diferença de tratamento. O porcentual de proposições de autodeclarados pretos tratando do tema "Direitos Humanos e Minorias", por exemplo, é 22%. Entre brancos e pardos, sobre o mesmo tema, é 17%.

"O vigor de sua atividade legislativa individual, cujo padrão é semelhante à dos brancos é incapaz de garantir que a produção desse grupo chegue a termo com a mesma velocidade empregada em propostas de outros grupos raciais", dizem os cientistas políticos no documento. Os negros (pretos e pardos), que compõem cerca de 55,9% da população, são apenas 24,4% dos deputados federais eleitos em 2018.

RECURSOS

No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a partir das eleições de 2020 os partidos deverão dividir os recursos do Fundo Eleitoral e do horário de propaganda no rádio e na TV segundo a quantidade de candidatos brancos e negros de cada sigla.

O entendimento do ministro Ricardo Lewandowski antecipou a vigência da decisão do plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que havia determinado a aplicação das novas regras somente a partir das eleições de 2022.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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