Denúncias de corrupção envolvendo a compra de vacinas pelo governo federal e a defesa do impeachment do presidente Jair Bolsonaro levaram novamente milhares de pessoas às ruas ontem em todas as capitais do País e em Brasília. Manifestações foram registradas também em outras centenas de cidades, segundo os organizadores.
Com foco na bandeira do impeachment, os atos receberam o nome de "ForaBolsonaro". Foi a terceira manifestação organizada por opositores do governo nos últimos dois meses. Antes previstos para o próximo dia 24, os protestos foram antecipados na esteira do pedido unificado de impeachment, protocolado na Câmara dos Deputados na quarta-feira passada.
Em São Paulo, a defesa do impeachment de Bolsonaro colocou na mira o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Cartazes chamavam o parlamentar de "cúmplice".
"Viemos hoje aqui, em São Paulo e no Brasil todo, para exigir que o senhor Arthur Lira use a sua caneta e abra o impeachment de Jair Bolsonaro", afirmou em discurso Guilherme Boulos (PSOL). "A voz de milhões de brasileiros vale muito mais do que emendas parlamentares para o Centrão", completou o político, em referência ao orçamento secreto, esquema de direcionamento de verbas sem transparência revelado pelo Estadão que beneficia principalmente parlamentares do bloco de Lira no Congresso.
Os atos deste sábado foram organizados por movimentos sociais como MST, MTST, frente Povo Sem Medo, Brasil Popular, Coalizão Negra por Direitos, União Nacional dos Estudantes (UNE), Central de Movimentos Populares (CMP) e Uneafro Brasil. Partidos como PT, PSOL e PCdoB apoiaram as manifestações. Desta vez, militantes de direita e de partidos como o PSDB municipal em SP também aderiram aos protestos.
Público. Na capital paulista, a Secretaria de Segurança Pública estimou um público de 5,5 mil pessoas. Os organizadores calcularam 100 mil. O ato aconteceu na Avenida Paulista e apesar de o distanciamento social ter sido incentivado, houve aglomeração. Pelo menos nove quarteirões foram ocupados pelos manifestantes, que em sua maioria usavam máscaras.
Roberto Zatz e Clarice Fujihara participaram pela terceira vez das manifestações contra Bolsonaro na capital paulista. Ontem levaram um cartaz com os dizeres: "esquerda, centro e direita contra o fascismo". "A gente não se conforma, viemos fazer volume", afirmou Clarice. Ela admitiu ter votado no Bolsonaro em 2018 por acreditar que "não tinha opção".
Em Brasília, os manifestantes se concentraram na Esplanada dos Ministérios. Além das críticas a Bolsonaro, e pedidos de impeachment e cobranças de mais agilidade na vacinação em massa contra a covid-19. Bandeiras e cartazes de alguns manifestantes pediram o retorno do ex-presidente Lula.
O ex-ministro José Dirceu (PT) participou de manifestação. Condenado em segunda instância por processos relacionados à Operação Lava Jato, Dirceu deixou a prisão em novembro de 2019. Ele participou da manifestação ao lado do senador Paulo Rocha (PT-PA), líder do partido no Senado.
O protesto no Rio de Janeiro ocorreu pela manhã até o início da tarde em frente à igreja da Candelária, na região central da cidade, onde líderes de movimentos sociais e estudantis, sindicatos e partidos discursaram. Milhares de manifestantes gritaram palavras de ordem, como "impeachment, já" e "fora, Bolsonaro". Discursaram diversos parlamentares, de vereadores a deputados federais, ligados a partidos de esquerda.
Guardas municipais e policiais militares acompanham o protesto e orientam o trânsito na região. As duas pistas centrais da avenida Presidente Vargas foram fechadas, além de uma pista lateral. O ato na Candelária provocou ainda o fechamento da Avenida Rio Branco, também uma das principais vias do centro da cidade, dificultando o trânsito na região.
No Recife, centenas de pessoas participam do ato deste sábado. Movimentos sociais e militâncias de partidos de esquerda marcam presença expressiva, mas, diferentemente do protesto do dia 19 de junho na capital pernambucana, muitos idosos, famílias e crianças participam do ato. Em Belo Horizonte, os manifestantes se concentraram na praça da Liberdade, de onde saíram em caminhada pelo centro da capital. Vestidos principalmente de preto, mas também com as cores de times de futebol e de vermelho.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta