Depois de cerca de quatro meses de negociações, o PT decidiu formar uma federação partidária com PCdoB e PV. O PSB, que negociava até então com as siglas, optou por ficar de fora da união de partidos, pelo menos por enquanto.
A federação prevê que as siglas ficarão unidas ao longo de quatro anos em âmbito nacional, estadual e municipal. As decisões tomadas nesta quarta serão levadas aos diretórios estaduais de cada partido, que precisam chancelar a posição tomada pelas cúpulas de cada sigla.
Apesar de o PSB não integrar a composição, dirigentes partidários afirmam que haverá coligação entre as legendas em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
Já está praticamente certo que o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) seja o vice na chapa de Lula. Nesta semana, ele praticamente selou a migração para o PSB.
"As quatro agremiações, PT, PSB, PC do B e PV, têm unidade na construção de uma frente para enfrentar Bolsonaro e reconstruir o Brasil, unidos na candidatura Lula presidente", informaram os quatro partidos em nota.
A razão para o PSB não se unir aos demais partidos foram divergências sobre a composição do órgão que comandará a federação e entraves em palanques estaduais.
O principal problema para que o PSB se aliasse aos demais foi o governo de São Paulo. O PT quer lançar Fernando Haddad (PT) e os pessebistas não abrem mão de colocar Márcio França (PSB) na disputa.
Além desse, há outros imbróglios que travam o acordo entre as siglas, que também conversam com PV e PC do B para formar a união de partidos.
Entre eles, estão a disputa aos governos do Rio Grande do Sul e do Espírito Santo - em que o PT lançou o senador Fabiano Contarato como pré-candidato e o PSB tem o governador Renato Casagrande, candidato natural à reeleição -, preocupações sobre o cenário nas eleições municipais em 2024 e divergências a respeito da composição do órgão que comandará a federação.
Criado para salvar partidos pequenos, a federação pode facilitar a eleição de quadros a cargos proporcionais, como é o caso dos deputados federais.
Apesar de hoje anunciarem estarem fora da federação, dirigentes das outras siglas dizem que continuarão trabalhando para atrair os pessebistas e garantem que a coligação nacional.
"Vamos continuar trabalhando por um programa em comum", disse o presidente do PSB, Carlos Siqueira.
Apesar dos entraves, Siqueira não quis detalhar as razões que o levaram a não avançar na federação. "São partidos com culturas diferentes que não estão preparados para andar juntos nesse momento", resumiu.
A decisão pode levar o PSB a perder deputados. Integrantes da legenda estimam que cerca de dez parlamentares deixarão a legenda.
Segundo deputados pessebistas ouvidos pela Folha de S.Paulo, a bancada da legenda, que antes era a que mais pressionava pela viabilização da federação com o PT, "jogou a toalha". De acordo com relatos, o momento é de fazer contas e de correr atrás para tentar formalizar chapas competitivas nos estados.
Alguns parlamentares, inclusive, estavam se mobilizando desde o final da semana passada para elaborar uma carta cobrando celeridade nas definições das tratativas com o PT. No entanto, ela acabou não saindo do papel.
Uma liderança socialista diz ainda que teria que ocorrer um tsunami ou um terremoto para que a federação fosse concretizada.
Na próxima semana, um grupo de ao menos seis parlamentares do PSB devem se reunir para discutir a situação atual sem a federação e quais os próximos passos que podem ser tomados.
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