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PSD é cortejado por Lula, mas tende a Bolsonaro em pelo menos 12 estados

PSD é cortejado por Lula, mas tende a Bolsonaro em pelo menos 12 estados

Tentativa inicial do partido foi emplacar um candidato próprio na disputa. Rodrigo Pacheco, Eduardo Leite e Paulo Hartung chegaram a ser cotados, mas nomes não prosperaram

Publicado em 25 de maio de 2022 às 15:20- Atualizado há 3 anos

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Enquanto o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e a cúpula do partido defendem a neutralidade na eleição presidencial, a divisão numérica dos estados mostra, por ora, uma leve vantagem de bolsonaristas sobre lulistas.

Levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo com parlamentares, candidatos a governador e dirigentes estaduais mostra que há uma tendência em ao menos 12 estados de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), contra 9 que preferem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o partido, ao menos dez diretórios disseram a Kassab que preferem não apoiar nenhum candidato no primeiro turno. Entretanto, dirigentes de alguns desses estados afirmaram à Folha de S.Paulo que a tendência é escolher um lado na disputa presidencial.

A tentativa inicial do PSD foi emplacar um candidato próprio na disputa, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG). O nome, porém, não prosperou, assim como outros que chegaram a ser sondados pelo partido, como os ex-governadores Eduardo Leite (PSDB-RS) e Paulo Hartung (sem partido-ES).

Com isso, Kassab passou a militar publicamente pela neutralidade, ao menos no primeiro turno, embora mantenha mais proximidade, no momento, com Lula.

Na maior parte dos estados, entretanto, a preferência majoritária de eleitores por Lula ou Bolsonaro pode fazer pesar a balança para um dos lados.

Ratinho Jr., por exemplo, é um dos governadores mais próximos ao governo federal e, no estado, o eleitorado tem perfil mais bolsonarista. Assim, ainda que não haja definição oficial, ele defende a recondução do atual presidente ao Planalto.

"Todos sabem da minha boa relação com o presidente Bolsonaro. O Paraná tem projetos importantes em parceria com o governo federal e é natural que, na ausência de um candidato do meu partido, o PSD, eu apoie a reeleição do presidente", disse o governador.

No Rio Grande do Sul, a polarização é maior nos grandes centros, mas a base do PSD é essencialmente bolsonarista.

Reservadamente, há uma preocupação dos dirigentes em evitar, ao menos publicamente, uma posição definida para não perder pré-candidatos que tenham maior simpatia com o outro lado da polarização.

Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD
Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A presidente estadual Leticia Boll dise que, "neste primeiro momento, o PSD-RS declara neutralidade e, no futuro, de acordo com a apresentação oficial das candidaturas, se posicionará sobre a disputa presidencial".

Em Santa Catarina, oficialmente o partido também estará neutro. Até porque o bolsonarismo já tem seu candidato a governador, o senador Jorginho Mello (PL). O PSD estará numa coligação própria, mas admite a possibilidade de duplo palanque do presidente no estado.

"Como a quase totalidade dos candidatos a deputado federal e estadual são anti-PT, automaticamente nosso palanque vai estar totalmente aberto para Bolsonaro", disse o deputado estadual e presidente do PSD local, Milton Hobus.

Cenário parecido ocorre em Goiás, onde o partido lança Lissauer Vieira, o presidente da Assembleia Legislativa, ao cargo de senador na chapa de Ronaldo Caiado (União Brasil) à reeleição.

Ainda que o presidente do partido no estado, Vilmar Rocha, seja crítico a Bolsonaro, Lissauer e demais candidatos são mais alinhados ao chefe do Executivo.

Um dos casos mais emblemáticos se dá em Mato Grosso do Sul, onde o partido pode ser levado para o lado do presidente Lula por pura "sobrevivência", muito embora tenha uma base bolsonarista maior.

Isso porque o presidente Jair Bolsonaro priorizou no estado a eleição ao senado da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP), angariando em torno desse pleito grande parte de seus apoiadores no estado e deixando pouco espaço para alianças.

O PSD, por sua vez, tem como prioridade a eleição ao governo do estado do prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad. Por isso, figuras importantes falam oficialmente que devem adotar a neutralidade a nível nacional, mas nos bastidores buscam o que descrevem como a "centro-esquerda".

Estado de Pacheco, Minas Gerais é o principal local em que, por ora, o PSD está mais inclinado a embarcar na campanha de Lula ainda no primeiro turno.

Há um acordo em curso para que o PT apoie o ex-prefeito Alexandre Kalil para o governo, indicando o vice. O partido de Lula deve abrir mão da disputa ao Senado para apoiar Alexandre Silveira, o nome do PSD na eleição.

A aliança PSD-PT caminha para ser concretizada apesar de a bancada de deputados federais da legenda ter um perfil mais à direita e cogitar esconder a vinculação ao PT em seus materiais de campanha.

No Rio de Janeiro, a principal figura do partido, o prefeito Eduardo Paes, já deixou claro sua preferência pelo ex-presidente.

Recentemente, contudo, ele tem flertado com Ciro Gomes (PDT) e pode subir no palanque do pedetista, uma vez que a legenda trabalhista fechou acordo para caminhar junto com o PSD na disputa estadual. Até mesmo porque o PT no estado está apoiando o candidato a governador do PSB, Marcelo Freixo.

Além de contar com a simpatia do estado fluminense, Ciro Gomes tem ainda o apoio declarado do PSD no Ceará, seu berço político.

O presidente estadual da legenda, Domingos Filho, foi vice-governador de Cid Gomes (PDT) entre 2011 e 2014 e trabalha para ocupar o mesmo posto na disputa deste ano na aliança que deve ser encabeçada pelo PDT.

"Nossa posição aqui é favorável a sair da polarização e apoiar o Ciro. Colocamos para o presidente Kassab que, ao nosso ver, a única alternativa de terceira via que tem voto para entrar na disputa de verdade é ele", diz Domingos Filho.

O Maranhão talvez seja um dos principais símbolos da divisão do PSD entre Lula e Bolsonaro. O presidente estadual do partido e deputado federal, Edilázio Júnior, diz que a sigla terá candidato próprio a governador e que a militância poderá escolher o presidenciável de sua preferência.

"Na parte mais pujante do nosso estado, a região sul, onde o agronegócio é muito forte, a gente tem muitos pré-candidatos alinhados ao Bolsonaro. Em compensação, o resto do estado, que parte dele tem pior IDH do país, já é mais pró-Lula. Então, é bem dividido".

A INCLINAÇÃO DO PSD, ESTADO A ESTADO

Tendência a apoiar, oficial ou extraoficialmente, Bolsonaro (12)

Tendência a apoiar, oficial ou extraoficialmente, Lula (9)

Estados que devem ficar neutros (5)

Estado que apoiará Ciro Gomes, do PDT (1)

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