O Conselho de Ética do PSL começou a analisar nesta quarta-feira (20) os processos contra deputados ligados a Jair Bolsonaro, que acusam o partido de perseguição.
Parlamentares como Bia Kicis (DF), Carlos Jordy (RJ), Filipe Barros (PR), Junio Amaral (MG) e Daniel Silveira (RJ) leram comunicado a jornalistas nesta tarde na Câmara em que afirmam estar sofrendo "perseguição política indevida".
"Ousamos pedir transparência, o que nos foi negado, e a partir desse pleito justo, passamos a sofrer perseguições, constrangimentos, insultos e ameaças", afirma o texto, que foi lido pelo líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (GO).
"Um exemplo foi o fato de termos sido excluídos, pela liderança anterior do PSL, de todas as comissões temáticas da Câmara", diz o texto. No meio da crise partidária, o então líder do PSL, Delegado Waldir (GO), retirou dissidentes de comissões na Casa.
Não há prazo para que o PSL analise se punirá ou não a ala de dissidentes, que pretendem migrar para o novo partido de Bolsonaro, o Aliança Pelo Brasil, após sua criação.
Nesta terça-feira (19), o presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), afirmou que o colegiado começa a se reunir nesta semana para ouvir as defesas dos parlamentares e que as punições podem variar entre advertência e expulsão.
O partido alega que os deputados desrespeitaram o estatuto e ofenderam o PSL.
Segundo Vitor Hugo, são 21 os deputados processados -a bancada do PSL na Câmara é de 53 parlamentares. Eles afirmaram que a maioria dos deputados decidiu não comparecer pessoalmente à reunião do conselho e que um grupo de advogados fará a defesa conjunta deles.
"Não existe possibilidade jurídica de desfiliar do partido, isso vai ser feito a partir da criação da Aliança e uma representação judicial para possibilitar nossa saída sem perda de mandato", afirmou Vitor Hugo.
A tese de perseguição política também será utilizada para justificar uma ação jurídica para não deixar o mandato.
Os deputados da ala bolsonarista devem participar da convenção do novo partido, que acontece em Brasília nesta quinta-feira (21).
"Nós repudiamos esse tribunal de exceção e queremos deixar claro que há uma perseguição àqueles que simplesmente manifestaram seu apoio irrestrito ao presidente Bolsonaro", afirmou Bia Kicis.
O PSL enfrenta uma crise que começou com um racha entre o presidente Jair Bolsonaro e Luciano Bivar, depois que Bolsonaro afirmou a um apoiador que o deputado estava "queimado para caramba".
A fala aprofundou divergências e levou à formação de dois grupos no partido, os que se aliaram a Bivar e os que se aproximaram de Bolsonaro.
A situação se agravou com uma disputa pela liderança do partido na Câmara, que à época estava com o bivarista Delegado Waldir (GO). Deputados da ala ligada ao presidente conseguiram revertê-la para Eduardo Bolsonaro (SP).
A situação se tornou insustentável e Bolsonaro anunciou que deixaria o PSL, partido ao qual se filiou para disputar a eleição de 2018, e que criaria sua própria sigla, batizada de Aliança pelo Brasil.
Para viabilizar a nova legenda, são necessárias 491.967 assinaturas em ao menos nove estados, todas validadas pela Justiça Eleitoral.
A Aliança pelo Brasil tem menos de cinco meses para ser constituída caso queira lançar candidatos nas eleições municipais de 2020.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta