A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou quatro pessoas por suspeita de envolvimento na morte de 14 cachorros que comeram petiscos contaminados com um insumo não autorizado na produção de alimentos.
As investigações começaram em 19 de agosto e tiveram conclusão anunciada nesta segunda (5). Os quatro indiciados são ligados à empresa de produtos químicos Tecno Clean, que fica em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ela é fornecedora de fabricantes de petiscos como a Bassar Pet Food, a primeira a ser citada nas denúncias de tutores e que chegou a ter sua unidade em Guarulhos (SP) interditada.
A polícia não informou os nomes nem qual a ligação dos quatro indiciados com a empresa - se são empregados ou prestadores de serviço. Todos vão responder por suspeita de crime hediondo, conforme previsto no artigo 273 do Código Penal, que pune a falsificação de substância alimentícia. A pena é de 10 a 15 anos de prisão mais multa.
As investigações da Polícia Civil e do Ministério da Agricultura indicam a troca de um ingrediente autorizado (propilenoglicol) por uma substância tóxica - o monoetilenoglicol, da mesma família do dietilenoglicol, apontado como a causa da morte e sequelas em consumidores da cerveja Backer em 2020.
Os investigadores apuram a hipótese de que a Tecno Clean comprou monoetilenoglicol de uma outra fornecedora, a A&D Química, e revendeu como sendo propilenoglicol para empresas como a Bassar.
Segundo a corporação, rótulos que identificavam os barris das duas substâncias e que eram acondicionados em um mesmo local foram trocados. O monoetilenoglicol é altamente tóxico, enquanto o propilenoglicol é usado, por exemplo, no setor de alimentos processados.
"A empresa compra o monoetilenoglicol da A&D e troca o rótulo para revender para a fabricante Bassar", declarou a delegada Danúbia Quadros, responsável pelas investigações. A delegada afirma ainda que, ao fazer a troca dos rótulos, ficou configurado que os suspeitos assumiram o risco de causar mortes.
A investigação é relativa apenas a Minas Gerais, onde foram detectadas as primeiras mortes de cachorros contaminados por monoetilenoglicol depois de consumirem petiscos. O inquérito foi enviado para a Justiça.
Segundo a delegada, mais de 40 casos de intoxicação de cachorros foram registrados em todo o país.
A reportagem entrou em contato com a Tecno Clean nesta terça (6). Um homem atendeu ao telefone, afirmou ser representante da firma, mas não quis dar seu nome. Disse ainda que a empresa falará apenas nos autos.
Em posicionamentos anteriores, empresa declarou que comprou propilenoglicol da A&D Química e que estava à disposição das autoridades para ajudar nas investigações.
Em setembro, a A&D Química afirmou que os produtos de seu portfólio não possuem finalidade alimentícia, sendo destinados exclusivamente para produção de itens de higiene e limpeza. A empresa também declarou que está à disposição das autoridades para a elucidação do caso.
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