Pouco depois de o presidente Jair Bolsonaro anunciar que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, preparava um parecer para desobrigar o uso de máscara por quem já foi vacinado contra a Covid ou quem já se infectou com o coronavírus, o próprio ministro Queiroga concedeu no início da noite desta quinta-feira (10) uma entrevista na frente da Ministério da Saúde.
"Queremos que [o não uso da máscara] seja o mais rápido possível, mas para isso precisamos vacinar a população brasileira e avançar", disse o ministro.
Até agora, só 11% da população brasileira recebeu duas doses da vacina contra a Covid-19, segundo dados do consórcio de imprensa.
Questionado se avalia que houve pressão de Bolsonaro, Queiroga negou.
"O presidente não me pressiona, não. Sou o ministro dele e trabalhamos em absoluta sintonia. E assim funcionam as democracias do regime presidencialista. E o presidente sempre nos aconselha de maneira muito própria. E levo a ele os subsídios para que tenhamos as melhores decisões em relação à saúde pública", disse.
O anúncio de Bolsonaro foi feito durante um evento no Planalto de anúncio de medidas para o setor de turismo. Queiroga não estava na soleniddade, mas estava no palácio.
O presidente disse ainda que, pelo protocolo adotado no Brasil, quem está infectado deve ficar em casa. "Se bem que para nós, o nosso protocolo para quem está infectado, este, sim, fica em casa. Não aquele fica em casa todo mundo. A quarentena é para quem está infectado, não é para todo mundo, porque isso destrói empregos, mata de outra forma o cidadão", afirmou.
Infectologistas reagiram com choque ao anúncio de Bolsonaro. Apesar da proposta do presidente, uma pessoa pode transmitir o vírus mesmo que esteja vacinada e sem apresentar sintomas. Como ainda há pouquíssimos vacinados no Brasil e alta circulação do coronavírus, o risco de alguém que tomou a vacina contrai-lo e transmiti-lo, mesmo sem ficar doente, para quem ainda não esteja protegido é bem grande.
Desde que assumiu o cargo, Queiroga tem se posicionado a favor do uso de máscaras. "A pátria de chuteiras agora é a pátria de máscaras", disse no fim de março.
Ao longo dos últimos meses, o ministro também tem dito que o uso de máscaras e distanciamento são importantes como medidas de prevenção e para a "retomada da economia".
Questionado em depoimento na CPI da Covid nesta semana se orientava o presidente a usar a proteção, o ministro respondeu: "Evidentemente que sim".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta