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Quem é Nelson Teich, novo ministro da Saúde do governo Bolsonaro

Quem é Nelson Teich, novo ministro da Saúde do governo Bolsonaro

Nelson Luiz Sperle Teich é oncologista, conta com apoio da classe médica e tem boa relação com empresários do setor da Saúde

Publicado em 16 de abril de 2020 às 17:16

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Nelson Teich, anunciado como novo ministro da Saúde
Nelson Teich, escolhido como novo ministro da Saúde. (Reprodução/TV Globo)

Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para substituir Luiz Henrique Mandetta no comando do Ministério da Saúde, Nelson Luiz Sperle Teich é formado em Medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), especialista em oncologia pelo Instituto Nacional do Câncer e doutor em Ciências e economia da Saúde pela Universidade de York, no Reino Unido.

Fundou e presidiu o Grupo Clínicas Oncológicas Integradas (COI) entre 1990 e 2018. Foi consultor da área de saúde da campanha de Bolsonaro à presidência em 2018. Chegou a ser cotado ao Ministério da Saúde à época.

O oncologista conta com apoio da classe médica e mantém boa relação com empresários do setor da saúde. A expectativa é de que Teich traga dados que destravem debates “politizados” sobre a covid-19.

Segundo seu perfil no LinkedIn, atuou como conselheiro e consultor da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, atualmente comandada por Denizar Vianna.

Vianna e Teich já foram sócios e têm uma relação de proximidade. Nesta quinta-feira, Mandetta sugeriu que Vianna poderia até compor a próxima gestão da pasta. O atual ministro não mencionou o nome de Teich, mas afirmou que o oncologista é um bom pesquisador, embora não conheça o SUS.

CRÍTICA À POLARIZAÇÃO

Em um artigo publicado em 3 de abril no LinkedIn, o médico critica a “polarização” entre a saúde e a economia. “Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal”, escreveu.

Teich não é defensor do isolamento vertical, em que apenas idosos e pessoas com doenças graves são colocadas em quarentena. O modelo é defendido por Bolsonaro e foi um dos principais fatores de desgaste entre presidente e o ministro Mandetta, que apostou no isolamento horizontal.

QUAL É A OPINIÃO DE NELSON TEICH SOBRE O ISOLAMENTO VIRTUAL?

Nelson Teich publicou três artigos sobre o coronavírus em sua página pessoal no LinkedIn. No texto mais recente, de 2 de abril, o oncologista defende o isolamento horizontal como a “melhor estratégia no momento” no combate à pandemia.

“Diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento. Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país”, escreveu Teich.

Teich vê “fragilidades” no isolamento vertical, modelo defendido por Bolsonaro em que apenas idosos e pessoas com doenças graves ficariam em quarentena. O médico ressalta, no entanto, que nenhum dos modelos seria o ideal e defende um “isolamento estratégico”.

“Estamos falando aqui do uso de testes em massa para covid-19 e de estratégias de rastreamento e monitorização, algo que poderia ser rapidamente feito com o auxílio das operadoras de telefonia celular”, afirmou.

QUAL É A OPINIÃO DE NELSON TEICH SOBRE A CLOROQUINA?

Em um dos textos no LinkedIn, o oncologista menciona a cloroquina como uma esperança no tratamento da doença, mas não se posiciona sobre a forma como a substância deve ser usada.

Em 2016, em entrevista ao site Medscape, Teich criticou a liberação da venda da fosfoetanolamina, que ficou conhecida como a “pílula do câncer”, mas disse que o uso de substâncias sem eficácia comprovada é um direito do paciente.

“É uma decisão política e populista que quebra um processo estruturado de avaliação de medicamentos. Uma coisa, porém, precisa ficar clara: você, como médico, está lá para orientar o paciente. Se ele quer fazer uso da substância é um direito dele. (...) Usar algo que não tem comprovação científica é uma escolha individual”, afirmou o oncologista.

Teich, no entanto, defende que o custo da aquisição de um medicamento sem comprovação científica deve ser arcada pelo paciente.

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