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Reeleição de Crivella será teste de popularidade de Bolsonaro

Reeleição de Crivella será teste de popularidade de Bolsonaro

A família Bolsonaro passou a defender abertamente a candidatura à reeleição de Crivella após recente operação policial na casa e no gabinete do prefeito

Publicado em 24 de setembro de 2020 às 08:33

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Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella
Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, é candidato a reeleição. (Prefeitura do Rio/Flickr)

A força do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) será testada na disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro, seu domicílio eleitoral.

Antes disposta a afrouxar os laços com Marcelo Crivella (Republicanos) sob o argumento da neutralidade, a família Bolsonaro passou a defender abertamente sua candidatura à reeleição após recente operação policial na casa e no gabinete do prefeito.

Crivella, porém, pode se tornar inelegível depois de o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio formar maioria para condená-lo por suposto abuso de poder político na eleição de 2018. Ele é acusado de levar funcionários da prefeitura a um ato de campanha do filho Marcelo Hodge Crivella, então candidato a deputado.

Dos 7 integrantes do TRE-RJ, 6 votaram pela condenação do prefeito. Vitor Marcelo, que integra a corte como advogado, pediu vista, o que deixou a conclusão do julgamento para esta quinta-feira (24).

Se condenado, Crivella ficaria inelegível por oito anos a partir do fato, ou seja, até 2026. Ele poderia manter a candidatura, no entanto, até esgotar todos os recursos.

No último dia 10, Crivella, em sua casa e em seu gabinete, já havia sido alvo de busca e apreensão como parte da investigação sobre um suposto esquema de corrupção.

A operação foi recebida pela família Bolsonaro como uma tentativa de desgaste da imagem do presidente e seus filhos - o vereador Carlos e o senador Flávio são filiados ao partido do prefeito.

Flávio chegou a divulgar vídeo em que lê um artigo segundo o qual "o alinhamento das atuais gestões municipal e estadual no Rio provocou uma artilharia da Rede Globo e seu canal de notícias".

"Há um excesso de ataques de ordem pessoal e familiar. A presunção de inocência não existe", afirmou o senador.

Até então, a estratégia da família era evitar se contaminar com a rejeição sofrida por Crivella, que estava em 72% segundo pesquisa do Datafolha de dezembro passado.

O inquérito sobre suposto envolvimento do prefeito em um esquema apelidado de "QG da propina" antecipou, porém, a explicitação de apoio, dando sobrevida a ele.

Além de Crivella, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) também foi alvo de busca e apreensão, dois dias antes.

A Justiça Eleitoral aceitou denúncia do Ministério Público do Rio de que Paes teria recebido R$ 10,8 milhões não declarados da Odebrecht na campanha de 2012, no MDB.

Os abalos dos favoritos e a falta de unidade na esquerda criaram, para os outros 12 concorrentes, a esperança de chegada ao segundo turno.

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Há um excesso de ataques de ordem pessoal e familiar. A presunção de inocência não existe

Flávio Bolsonaro
Senador
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Caberá à campanha de Crivella e Paes usar o exemplo do governador afastado Wilson Witzel (PSC) - que enfrenta um processo de impeachment - para alertar o eleitor sobre o risco de apostar em uma novidade em plena pandemia do coronavirus.

Sobre o peso de Bolsonaro na eleição carioca, o coordenador da campanha de Crivella, Rodrigo Bethlem, afirma que "não há como fugir da nacionalização no Rio".

Ele diz ainda que Bolsonaro e Crivella têm uma amizade de muitos anos. E ressalta que o PSDB - partido do governador de São Paulo, João Doria - é aliado de Paes.

"Isso sinaliza que Paes estará com Doria na campanha presidencial de 2022", afirma.

Na tentativa de atrair o voto bolsonarista sem afugentar eleitores de esquerda, Paes acena a Bolsonaro com a possibilidade de uma parceria, caso seja eleito.

Dizendo-se um pragmático em defesa do Rio, o ex-prefeito conta ter optado por um vice cujo partido, o PL, não tem candidato ao Planalto. Ele lembra ainda que Crivella foi ministro da Pesca no governo de Dilma Rousseff (PT).

No Rio, fracassou a tentativa de lançamento de uma candidatura única de partidos de esquerda. Lançada pelo PT, a ex-governadora Benedita da Silva afirma haver "espaço para uma candidatura do povo no segundo turno".

"O Rio é o domicílio do Bolsonaro, mas também é o meu domicílio eleitoral e foi domicílio de grandes brasileiros que lutaram contra o fascismo que Bolsonaro representa. Os verdadeiros patriotas sabem disso", diz.

Pelo PSOL, a deputada Renata Souza se apresenta como candidata da maior força de esquerda no Rio.

Sem citar alianças passadas do PT, ela afirma que o distanciamento da base Garotinho, Cabral, Crivella e Eduardo Paes permitiu ao PSOL "abrir o debate galgado na participação de movimentos urbanos e da sociedade organizada".

"Temos a responsabilidade de construir aqui a principal força de oposição ao que este grupo representa: intolerância, ódio, esquemas de vantagem pessoal e negacionismo. Uma velha política que se traveste de nova mas representa mais violência e desigualdade".

Filha dos ex-governadores Anthony e Rosinha Matheus, a deputada federal Clarissa Garotinho (Pros) afirma que o Rio precisa de um prefeito com capacidade de diálogo com o presidente. "Me coloco como opção de centro. Crivella é um falso bolsonarista. Foi ministro do PT."

Candidato do PSL, o deputado federal Luiz Lima também busca atrair o eleitor de Bolsonaro. O ex-nadador olímpico afirma defender o presidente "com unhas e dentes" e espera contar com a confiança de Bolsonaro na eleição.

Ele trabalha para reconquistar o apoio do presidente após ter abandonado o projeto da família de criação de um novo partido, o Aliança pelo Brasil. Flávio Bolsonaro já avisou, no entanto, que não será permitido a ele o uso da imagem do pai durante a campanha.

A necessidade de montagem de palanques municipais com vistas a 2022 pesou para a frustração de uma aliança entre a centro-esquerda.

O PDT, de Ciro Gomes, aposta na candidatura da deputada estadual e delegada aposentada Martha Rocha. A Rede, de Marina Silva, lançou o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello.

Dizendo-se progressista, ele afirma que a dicotomia esquerda-direita está ultrapassada. Segundo ele, o futuro prefeito terá que ter uma relação institucional com os governos estadual e federal.

Candidato do Novo, o empresário Fred Luz minimiza a influência das disputas nacionais. Ele defende diálogo do eleito com o presidente da República. "Não é conversa de amiguinho. Mas voltada para o Rio."

CANDIDATOS À PREFEITURA DO RIO*

*confirmados em convenções

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