> >
Remédios para intubação devem acabar em 20 dias; entidades recorrem à Anvisa

Remédios para intubação devem acabar em 20 dias; entidades recorrem à Anvisa

Mesmo com a abertura de leitos de UTIs e o treinamento de profissionais de saúde, os médicos não vão poder tratar dos pacientes pois será impossível intubá-los

Publicado em 18 de março de 2021 às 18:49- Atualizado há 4 anos

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com respirador no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra.
Novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com respirador no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra. . (Reprodução/TV)

O estoque de analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares usados para a intubação de pacientes em UTIs pode durar apenas mais 20 dias no Brasil, o que criaria um drama adicional para os hospitais: como socorrer os doentes se acabarem os medicamentos.

Caso isso ocorra, um novo gargalo, insuperável, será colocado na luta já dramática contra a Covid-19: mesmo com a abertura de leitos de UTIs, o treinamento de profissionais de saúde e o suprimento de oxigênio, os médicos não vão poder tratar dos pacientes pois será impossível intubá-los.

A consequência será um crescimento ainda maior dos óbitos, pois as pessoas morrerão sufocadas sem que os profissionais possam garantir a elas a ventilação mecânica.

A situação se agravou de tal forma nas últimas horas que associações que representam intensivistas, hospitais e operadoras de saúde vão se reunir com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para discutir soluções urgentes para o problema.

A informação de que os estoques estão no limite é do presidente da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), Reinaldo Scheibe. "O número de internações aumentou, a permanência dos doentes nas UTIs também, e o consumo dos medicamentos explodiu", diz ele. "Os estoques podem acabar em 20 dias", completa.

A Abramge representa operadoras de planos de saúde e seguradoras, que trabalham com hospitais próprios ou credenciados.

"Os relatos se repetem em todo o país", afirma ele.

Médicos que trabalham em UTIs de São Paulo fizeram o mesmo relato à reportagem, sob a condição de anonimato. Um deles afirmou que está vivendo momentos "infernais", que a curva de internações só cresce na instituição em que trabalha e que já está "começando a faltar insumos" para tratar de doentes em estado grave.

O presidente da Abramge afirma que a reunião com a Anvisa deve ocorrer no fim da tarde desta quinta (18). Dela devem participar também, segundo ele, a Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) e associações de médicos intensivistas.

Ele diz acreditar que a Anvisa precisa se articular com a indústria nacional para que ela aumente a produção desses insumos. "Mas ela tem que fabricar também outros medicamentos indispensáveis para outras enfermidades. É preciso articular como isso pode ser feito", diz.

Uma outra solução seria a agência facilitar a importação dos produtos, repondo os estoques que estão perto de terminar.

"Precisamos discutir com urgência como fazer para agilizar e normalizar a situação" diz ele.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais