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Restaurantes veem em delivery forma de funcionar durante coronavírus

Restaurantes veem em delivery forma de funcionar durante coronavírus

Com fechamento do comércio, entregas em domicílio são fortalecidas

Publicado em 21 de março de 2020 às 16:49

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Restaurantes veem em delivery forma de continuar funcionando. (PORNSAWAN)

Com o fechamento do comércio ou restrição ao funcionamento dos estabelecimentos comerciais em algumas cidades do país devido à pandemia do novo coronavírus, a opção para bares e restaurantes manterem pelo menos parte das operações é a entrega de comida (delivery).

No Distrito Federal, empresários do ramo de bares e restaurantes negociaram com o governo local a permissão para o funcionamento dos estabelecimentos para a entrega de comida em domicílio. Na última quinta-feira (19), o governador do DF, Ibaneis Rocha, determinou o fechamento de estabelecimentos comerciais, de qualquer natureza, inclusive bares, restaurantes e lojas de conveniências, mas manteve as operações de delivery.

“A gente conseguiu colocar no decreto [o funcionamento do delivery de bares e restaurantes] até porque boa parte da população precisa desse serviço”, disse o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar-DF), Jael Antônio da Silva. Segundo ele, houve uma redução das equipes dos restaurantes uma vez que não podem ficar abertos ao público.

Silva informou que a convenção coletiva de trabalho foi antecipada para que empregados do setor entrem de férias, com pagamento parcelado ou 30 dias depois. “É uma garantia para empresário e empregados para tentar mantê-los com emprego e tentando evitar desembolso pelos empresários. A medida será válida mesmo para quem ainda não tem direito a férias”, afirmou.

De acordo com Silva, a estimativa é que o DF reúna cerca de 2,5 mil restaurantes que fazem entrega de comida por meio de aplicativos.

CUIDADOS PARA RECEBER

O aplicativo iFood criou a opção de ‘Entrega sem Contato’ que pode ser escolhida no momento de realização do pedido. Para que isso aconteça, os pagamentos deverão ser efetuados online, pelo app. Na sequência, o entregador responsável pela rota será avisado e terá acesso às orientações enviadas pelo cliente para que possa concluir a entrega sem interação. O chat entre entregadores e consumidores, já disponível anteriormente, pode ser utilizado ainda como ferramenta para combinar detalhes das entregas, passando a permitir o envio de fotos para facilitar a comunicação.

Pelo Uber Eats, nas instruções de entrega, o consumidor pode colocar a observação de que quer que a comida fique na porta ou na portaria, por exemplo. No caso da Rappi e da 99Food, é possível fazer a observação pelo chat.

Com pagamento feito pelo aplicativo e com essa observação, não será necessário manusear a máquina de pagamento e ter contato com o entregador.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) orienta os estabelecimentos comerciais a oferecer o pagamento on line sempre que possível. Caso o pagamento seja em dinheiro, o troco deve ser colocado dentro de um saquinho. E as maquininhas podem ser envelopadas com filme plástico a cada uso. No site da Abrasel, há um guia com informações sobre os cuidados para os restaurantes e entregadores.

FUNDO PARA ENTREGADORES

A iFood informou que criou um fundo solidário no valor de R$ 1 milhão para pagar entregadores que comprovem estar com Covid-19. O entregador receberá do fundo um valor baseado na média dos seus repasses nos últimos 30 dias, proporcional aos 14 dias de quarentena. A 99Food passou a fornecer kits de prevenção (máscaras e álcool em gel) e orientações para entregas sem contato e também criou um fundo de suporte de US$ 10 milhões. A Uber Eats adotou medida semelhante, oferecendo auxílio de 14 dias para entregadores diagnosticados com Covid-19.

SÃO PAULO

Apesar de a prefeitura da capital paulista ter mantido a autorização para funcionamento de restaurantes e lanchonetes neste fim de semana, o movimento nos estabelecimentos da região central caiu visivelmente. Para manterem as portas abertas, os estabelecimentos tinham que atender novas exigências, como disponibilizar álcool em gel para higienização dos clientes e garantir um espaço de ao menos um metro entre as mesas.

Localizado no centro de São Paulo, o restaurante de inspiração vietnamita Bia Hoi seguiu as determinações da prefeitura. Porém, segundo a proprietária, Dani Borges, o movimento presencial caiu 95% na última semana. As entregas, que equivalem a cerca de 20% do fluxo, também diminuíram para a metade de antes da epidemia.

“Essa semana eu já estou com a equipe reduzida a um terço. Os empregados estão tirando folgas e banco de horas. E, agora, eu estou estudando, com o contador e com o setor de pessoal, que medidas a gente pode adotar a partir da semana que vem”, disse Dani, na última sexta-feira (20), sobre as incertezas quanto ao futuro do empreendimento.

Neste sábado (21), o governo de São Paulo decretou quarentena para todos os serviços não essenciais no estado a partir da próxima terça-feira (24) por causa do coronavírus. A medida terá validade de 15 dias e poderá ser prorrogada.

APOIO DOS CLIENTES

Para tentar contornar a crise, o restaurante está apostando na venda de créditos antecipados. O cliente paga um preço agora e tem direito a consumir um valor mais generoso ao retirar a refeição em maio ou junho, quando a proprietária espera que a situação tenha voltado ao normal. A ideia é baseada em uma experiência semelhante promovida por um aplicativo em São Francisco, nos Estados Unidos, para dar apoio a empreendimentos em dificuldades. “Nós temos uma clientela bem fiel. A gente colocou essa campanha no final da tarde de quinta-feira e temos recebido bastante contatos desde então”, diz.

A situação é um pouco melhor na rede de franquias Mr. Fit. Segundo a proprietária, Camila Miglhorini, os pedidos de entrega, que representam 50% no faturamento das 134 lojas espalhadas pelo país ficou estável na primeira semana de restrições ao comércio e serviços. “A gente acredita que nós próximos dias vai ter um aumento, porque as pessoas vão estar trabalhando de casa, elas não vão ter tempo de ficar cozinhando”, estima sobre o crescimento que, acredita, pode chegar a 40%.

INVESTIMENTO EM SEGURANÇA

Com o objetivo de atrair clientes, Camila explica que a franquia tem investido em ações para que os consumidores se sintam seguros, como a entrega sem contato físico, disponível em alguns aplicativos. “O cliente vai pagar online e o entregador vai combinar o local para deixar”, diz sobre o funcionamento do serviço.

Além disso, há um trabalho para divulgar as medidas que a rede está tomando para garantir a segurança dos pedidos em tempos de pandemia. “A gente está trabalhando muito isso nas mídias para mostrar para o cliente que a gente está cuidando da comida dele, que ele não vai ser infectado”, enfatiza.

RIO DE JANEIRO

Na capital fluminense, o governo estadual transformou em determinação a recomendação de atender com apenas 30% da capacidade de mesas, em um decreto publicado na noite de quinta-feira. A restrição vale para bares, restaurantes e lanchonetes. O decreto permite que os serviços de delivery e os pedidos de comida para viagem funcionem normalmente.

O presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Município do Rio de Janeiro, Fernando Blower, conta que muitos empresários decidiram fechar totalmente os estabelecimentos, por avaliarem que o funcionamento nesses termos não paga os custos de operação.

"O delivery não é a solução do problema, é um paliativo. As únicas empresas que conseguem se manter são aquelas que já nasceram exclusivamente para delivery", afirma Blower, que pede apoio governamental aos empresários e trabalhadores do setor para evitar falências e fechamento de postos de trabalho.

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Com informações da Agência Brasil

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