Uma barragem da Vale se rompeu e invadiu a cidade de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, na tarde desta sexta-feira (25). Os rejeitos da barragem atingiram casas e parte de uma comunidade. Trabalhadores da mineradora estavam na área administrativa da barragem que se rompeu. Bombeiros atuam na busca por vítimas. Ainda não há informações se há mortos. Fotos mostram devastação da região. Moradores relatam que a cidade está um "pandemônio". A Vale diz que "não há confirmação da causa do acidente".
TRAGÉDIA
No início da tarde desta sexta-feira (25) uma barragem da Vale se rompeu e invadiu a cidade de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
O Corpo de Bombeiros local foi acionado para os primeiros-socorros e sobrevoa a região com um helicóptero.
O QUE DIZ A VALE
A mineradora Vale confirmou o rompimento de sua barragem na Mina Feijão, em Brumadinho (MG), e disse que os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. A mineradora disse que há possibilidade de vítimas e que "não há confirmação sobre a causa do acidente".
Em nota, a Vale disse que ativou o seu plano de atendimento a emergências para barragens. E ressaltou que a prioridade total, neste momento, é preservar e proteger a vida de empregados (próprios e terceiros) e de integrantes da comunidade atingida.
A companhia lamenta profundamente o acidente e está empenhando todos os esforços no socorro e apoio aos atingidos, disse, em nota.
ONDA E ESTRONDO
"Fui acordado por um grande estrondo, seguido de um barulho crescente. Quando saí, viu uma nuvem de poeira gigantesca e uma onda de lama. Era uma onda que vinha por cima da outra e um ronco das coisas sendo arrastadas", contou o funcionário de uma empresa que presta serviços à Vale.
Mayke, que atua na lavagem de caminhões da companhia, disse que estava em um dormitório próximo de onde a lama passou, numa área que não foi atingida.
O biólogo Luiz Guilherme Fraga e Silva, 27, disse que se salvou "por uns 30 segundos". Mineiro de Belo Horizonte, ele fazia um trabalho de campo em Brumadinho, tirando fotos da comunidade, quando viu um tsunami de lama vindo em direção à ponte em que estava.
"Saiu varrendo tudo e eu fui correndo para um trevo próximo. Vi todo mundo saindo gritando das casas e a lama levando os fios de postes de luz, tudo caindo", contou Luiz Guilherme.
MORADORES PODEM SER ATINGIDOS
A Defesa Civil de Brumadinho pediu para moradores de áreas de risco deixarem suas casas como medida de segurança. Eles devem procurar um lugar seguro. Devem deixar suas casas aqueles que moram nos seguintes bairros de Brumadinho: Canto do Rio, Pires, Amianto, São Torrado, Alberto Flores e Parque da Cachoeira.
HOSPITAL TEM PLANO DE CATÁSTROFE
O Hospital João XIII, de Belo Horizonte, acionou um plano de catástrofe para atender possíveis vítimas da tragédia. Equipes da unidade deixaram tudo preparado para receber vítimas, transferindo pacientes para determinadas alas com o objetivo de dar atendimento prioritário aos que necessitam de primeiros-socorros.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), até o momento, duas mulheres deram entrada no hospital.
MUSEU DO INHOTIM
O Inhotim, que é o maior centro de arte ao ar livre da América Latina, fica na cidade de Brumadinho. O local não foi atingido e não se sabe se a lama pode alcançar o parque. Mais de mil pessoas foram retiradas às pressas do museu. O centro de arte recebe cerca de mil visitantes por dia e tem 600 funcionários. Não há informações sobre quantas pessoas estavam no espaço no horário do fechamento.
CURSO DO RIO
Segundo apurou o jornal O Tempo com a Defesa Civil de Brumadinho, a tendência é de que os resíduos do rompimento sigam para o rio Paraopeba, que passa pelo Estado de Minas Gerais. A extensão do rio Paraopeba é de 546,5 km e sua bacia cobre 12.090 km² e 35 municípios, de acordo com informações da Secretaria de Turismo de Minas.
RIO É MONITORADO
Uma equipe da Defesa Civil da Região Metropolitana de Belo Horizonte está monitorando as margens do rio Paraopeba, na altura da Colônia Santa Isabel, no ponto que liga Betim a São Joaquim de Bicas, para monitorar o nível da água e verificar se há risco de o rio transbordar, informou o jornal O Tempo.
PONTE INTERDITADA
O rompimento da barragem fez com que a ponte que passa sobre o rio Paraopeba fosse interditada, segundo apurou o jornal O Tempo. Estradas próximas ao rio também foram interditadas.
MULHER RESGATADA
Imagens feitas pelo helicóptero da TV Record mostraram o momento em que os bombeiros, a bordo de outra aeronave, tentaram retirar uma mulher da lama dos rejeitos. Quatro homens tentaram puxar a vítima do meio da lama, sem sucesso. O resgate só foi possível com a ajuda de uma corda. A operação é complicada pela impossibilidade de o helicóptero do Corpo de Bombeiros pousar no local, que está tomado pela lama.
FORÇA-TAREFA
O governo de Minas Gerais criou uma força-tarefa e um gabinete de crise para acompanhar e tomar as primeiras medidas após o rompimento da barragem. O Corpo de Bombeiros, por meio do Batalhão de Emergências Ambientais, e a Defesa Civil estão no local e há dois helicópteros sobrevoando a região. A Secretaria Nacional de Defesa Civil está mobilizada para atuar no socorro das vítimas e apoiar as operações do Estado e dos municípios.
GABINETE DE CRISE
O governo federal montou um gabinete de crise para acompanhar a situação do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. Este gabinete vai coordenar os esforços de todos os ministérios que estarão envolvidos na busca de soluções para o rompimento da barragem e para redução de danos.
BOLSONARO LAMENTA E ENVIA MINISTROS
Em viagem a Davos, na Suíça, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se manifestou pelas redes sociais.
"Lamento o ocorrido em Brumadinho-MG. Determinei o deslocamento dos ministros do Desenvolvimento Regional e Minas e Energia, bem como nosso secretario Nacional de Defesa Civil para a região", postou em sua conta oficial no Twitter.
Em seguida, o presidente disse que o ministro de Meio Ambiente também está a caminho da cidade.
CLIMA EM BRUMADINHO
"O clima na cidade é o pior possível", afirmou o presidente do Sindicato Metabase de Brumadinho, Agostinho José de Sales. Em entrevista para o jornal O Tempo, ele explicou que ainda não há informações concretas sobre o estado de saúde das pessoas que estavam próximas ao rompimento, e que o acesso ao local está complicado, já que a lama impede a passagem.
COMPARAÇÃO DE BARRAGENS
A barragem que se rompeu em Brumadinho tinha volume de 1 milhão de metros cúbicos de rejeito de mineração. O volume é menor em comparação com a barragem do Fundão, em Mariana, que se rompeu em 2015. De acordo com o Ibama, a barragem de Mariana tinha um volume de 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
Segundo a Vale, a barragem VI do Córrego do Feijão foi construída em 1998 e era usada para recirculação de água da planta e contenção de rejeitos em eventos de emergência. A Mina Córrego Feijão conta com outras barragens, que funcionam desde 1976, informou o jornal O Estado de Minas.
NOTA DO IBAMA
Em nota, o Ibama informou que o empreendimento está situado na Bacia do São Francisco, em um tributário do Rio Paraopebas. "Em primeira análise, entende-se que a primeira estrutura receptora dos impactos seria a barragem de Retiro Baixo, a mais de 150 quilômetros do ponto de rompimento. Principais preocupações dos órgãos no momento: resgate de vítimas e proteção de pontos de captação de água", diz o órgão.
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