SÃO PAULO, SP - A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Rosa Weber, mandou recado para o que chamou de "inimigos da liberdade", para que saibam que "o solo sagrado do tribunal, o regime democrático, permanentemente cultuado, permanece inabalável".
A declaração foi dada durante o seu discurso na sessão solene de abertura das atividades do ano Judiciário de 2023, nesta quarta (1º). Esta foi a primeira sessão realizada no tribunal após a destruição do seu prédio principal por golpistas que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A ministra também afirmou que os golpistas, "em sanha deplorável, estilhaçaram vidraças, espelhos e luminárias, quebraram painéis, bancadas e mármore, rasgaram retratos e livros, destruíram equipamentos digitais e de áudio e vídeo, câmeras, computadores e impressoras, engendrando um cenário de caos a provocar sentimento de profunda repulsa diante de tamanha indignidade".
Também participaram da solenidade os presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do Senado Federal, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O plenário também realizará, a partir das 15h, a primeira sessão de julgamentos do ano. A partir desta quarta, os ministros voltarão às sessões de julgamento do plenário físico, que acontecem às quartas e quintas-feiras.
Rosa deixou para este semestre em que retoma as atividades temas que questionam o poder do Ministério Público Federal e do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Na seara econômica, está pautado o julgamento para definir se trabalhadores têm direito a uma correção monetária maior dos valores depositados no FGTS. O impacto da mudança para o fundo é calculado em mais de R$ 300 bilhões.
A presidente da corte, que tem um perfil discreto e prefere que o STF não seja o foco das atenções por polêmicas, deixou de fora temas que podem causar acirramento de ânimos contra o tribunal, cuja sede foi a mais depredada durante os ataques do último dia 8.
Imagens do circuito interno do STF do momento dos ataques mostraram a Polícia Militar do Distrito Federal cedendo à passagem de manifestantes que invadiram a sede da corte e incapaz de repelir a depredação dos principais setores do prédio.
A invasão começou por volta das 15h30, com a segurança interna do Supremo tentando conter a multidão que entrou na Praça dos Três Poderes sem ser barrada. Muitos estavam com máscaras e luvas e ignoraram as bombas de gás e de pimenta lançados pela Polícia Judicial.
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