O Ministério da Saúde publicou uma nota técnica nesta sexta-feira (28) com novas orientações para a vacinação contra Covid-19. O documento define uma ordem de prioridade para vacinar trabalhadores de educação no país e, na sequência da imunização desse grupo, libera estados e municípios para oferecerem doses também por faixa etária a pessoas com menos de 59 anos sem comorbidades
A abertura dada pela pasta para que cidades iniciem a vacinação da população em geral, fora dos grupos prioritários, foi aprovada em reunião do ministério com secretários estaduais e municipais de Saúde.
O documento desta sexta oficializa essas mudanças e, ao mesmo tempo, tenta organizar a vacinação dos professores e demais funcionários de redes de ensino.
Doses de vacinas a trabalhadores da educação já vinham sendo oferecidas em alguns estados e municípios, mas ainda não havia uma orientação nacional sobre o tema para completar essa estratégia em todo o país.
Segundo a nota técnica do Ministério da Saúde, a previsão é que a vacinação desse grupo priorize os envolvidos no ensino de alunos mais jovens. O documento orienta que a campanha de imunização ocorra com base na seguinte fila de prioridade: creches, pré-escolas, ensino fundamental, ensino médio, profissionalizantes e EJA, seguidos por trabalhadores da educação do ensino superior.
A estratégia deve ser iniciada ainda enquanto as cidades terminam a vacinação de outros públicos, como pessoas com doenças preexistentes, segundo o ministério.
A pasta justifica a medida pelos "impactos sociais ocasionados pela Covid-19 na educação infantil com a necessidade de volta às aulas presenciais".
"Esses impactos seguramente estão sendo mais importantes justamente nos grupos sociais menos favorecidos e que tem, por exemplo, dificuldade ou mesmo inviabilidade para uma adesão ao ensino a distância. Ressalta-se ainda que as creches e escolas contribuem não apenas para a educação mas também para a segurança alimentar das crianças", informa.
O documento também traz orientações para a organização da campanha de vacinação da população em geral e que, na prática, mudam os critérios anteriores. Inicialmente, ela só começaria depois do fim da oferta de doses para os grupos prioritários, mas agora a previsão é que ocorra ao mesmo tempo.
Estados e municípios que tiverem concluído a vacinação de pessoas com comorbidades e funcionários de escolas e universidades poderão optar por iniciar a vacinação da população geral por faixa etária, em pessoas entre 18 a 59 anos, "de maneira escalonada e por faixas etárias decrescentes".
Enquanto isso, a vacinação para os demais grupos prioritários como forças de segurança, trabalhadores do transporte coletivo e metroviário, caminhoneiros, trabalhadores industriais e funcionários da limpeza urbanacontinuaria a ser aplicada.
"A novidade é que, caso já tenham avançado na vacinação das pessoas com comorbidades e professores, estados e municípios estão autorizados, a depender da realidade de cada local, a iniciar a vacinação por idade", disse o secretário-executivo do ministério, Rodrigo Cruz.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Francieli Fontana, diz que a decisão ocorre após pedido de alguns secretários de Saúde que têm apontado baixa demanda para vacinação de alguns dos grupos prioritários atuais.
"Não podemos deixar vacina estocada, por isso resolvemos flexibilizar um pouco. Essa demanda reduzida pode estar relacionada à superestimativa do grupo principalmente de comorbidades", disse.
O ministério não informou, porém, qual a previsão do término da vacinação dos grupos prioritários ou se haverá uma recomendação mais específica sobre como intercalar a vacinação desses grupos com o início da oferta de doses à população geral.
Em abril, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a previsão era terminar a aplicação da vacinação dos grupos prioritários em setembro, com oferta da primeira dose até junho. Previsão anterior da pasta era que isso ocorresse até maio.
Sobre a organização da estratégia, o documento desta sexta fala apenas que estados e municípios "que não apresentam demanda ou tenham demanda diminuída para vacinação dos grupos com maior vulnerabilidade e trabalhadores de educação poderão pactuar a adoção imediata da estratégia de vacinação segundo a faixa etária em ordem decrescente de idade, garantindo o percentual para continuidade da vacinação dos demais grupos prioritários". O percentual não foi informado.
Fontana, porém, diz que quantidade de doses previstas para alguns dos próximos grupos prioritários é baixa, o que deve facilitar a organização da vacinação em conjunto.
"Se olhar no plano de vacinação, são denominadores muito pequenos. E aí vamos dividir os quantitativos de vacina recebidos. Vamos fazer uma parte para esse segmento do plano e ofertar já uma parte por faixa etária, dependendo dos quantitativos de vacina", disse.
A tentativa de acelerar a campanha de vacinação, porém, ainda esbarra em incertezas no cronograma de doses devido a dificuldades na obtenção de insumos e outros impasses.
Para junho, por exemplo, a previsão é que sejam distribuídos 43,8 milhões de doses, o que representa um avanço em relação aos meses anteriores, mas uma queda em comparação ao total que era previsto para o mês (52,2 milhões).
Segundo Cruz, o ministério tem negociado a possibilidade de antecipar doses ou aumentar o volume de alguns contratos. A pasta também avalia a necessidade de mais doses em 2022, caso haja necessidade de manter campanhas de imunização.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta