Com veto da Índia à entrega de um lote de imunizantes da Oxford/Astrazeneca ao Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) corre o risco de ver a vacinação começar com a Coronavac, vacina que ele, por diversas vezes, disse que não seria comprada pelo governo federal.
Em 21 de outubro, o presidente chegou a desautorizar um acordo firmado no dia anterior pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que previa a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, que é produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
Ao responder ao comentário de um internauta que pedia que a vacina não fosse comprada porque ele estava com 17 anos e dizia querer ter "um futuro, mas sem interferência da ditadura chinesa", Bolsonaro negou a compra.
"NÃO SERÁ COMPRADA", escreveu em letras maiúsculas.
Em resposta a outro internauta, que acusava Pazuello de traição, Bolsonaro respondeu: "Qualquer coisa publicada, sem comprovação, vira TRAIÇÃO".
O presidente também afirmou a outra seguidora: "Tudo será esclarecido hoje. Tenha certeza, não compraremos vacina chinesa. Bom dia".
No mesmo dia, diante da pressão nas redes sociais, Bolsonaro também disparou mensagem para seus ministros e aliados no Congresso.
"Alerto que não compraremos uma só dose de vacina da China, bem como o meu governo não mantém qualquer diálogo com João Dória na questão do Covid-19. PR Jair Bolsonaro", dizia a mensagem, divulgada pela deputada Bia Kicis (PSL-DF) em uma rede social.
Horas depois do início da polêmica, Bolsonaro voltou às redes sociais para fazer um comunicado sobre o que chamou de "vacina chinesa de João Doria".
"Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem", escreveu Bolsonaro.
Na ocasião, o presidente afirmou ainda que, para seu governo, "qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA" e que "o povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM".
"Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina", encerrou Bolsonaro.
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