Após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, dizer a prefeitos que cidades não precisariam mais reservar a segunda dose da Coronavac a partir do recebimento de novas remessas, a recomendação de reter esses estoques para garantir a oferta voltou a ser citada pela pasta em informe técnico divulgado nesta quarta (24).
No documento, a pasta informa a distribuição de 3,2 milhões de doses a partir desta semana. Destas, 1,2 milhão são da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, e 2 milhões são da vacina de Oxford, cujas doses foram importadas pela Fiocruz.
Segundo a pasta, o volume referente à Coronavac deve ser dividido entre a primeira e segunda doses.
"Tendo em vista o intervalo entre a D1 e D2 (2 a 4 semanas), e considerando que ainda não há um fluxo de produção regular da vacina, orienta-se que a D2 seja reservada para garantir que o esquema vacinal seja completado dentro desse período, evitando prejuízo nas ações de vacinação", aponta.
A medida contraria anúncio feito na última semana pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello a uma comissão da Frente Nacional dos Prefeitos. Na ocasião, Pazuello disse que a reserva de estoques da Coronavac para segunda dose não seria mais necessária em novas entregas.
Questionado, o Ministério da Saúde ainda não respondeu sobre o que levou à mudança na orientação. Segundo a Folha apurou, a decisão foi tomada no gabinete de crise, que define o cronograma de distribuição.
Nos últimos dias, prefeitos já cobravam uma orientação mais clara do ministério sobre a medida. A Frente Nacional de Prefeitos chegou a enviar um ofício pedindo que a pasta oficializasse a recomendação, que não atinge a vacina de Oxford devido ao prazo maior para oferta da segunda dose (calculado em até três meses).
Segundo secretários de saúde ouvidos pela Folha de S.Paulo, a divulgação feita na última semana trouxe confusão aos municípios, que passaram a ter dúvidas sobre a reserva -daí a cobrança por uma posição clara.
No documento, o ministério diz ainda que a nova remessa de 3,2 milhões de doses deve permitir a vacinação de 100% das pessoas entre 85 a 89 anos, 24% daquelas entre 80 a 84 anos e mais uma parcela de indígenas e profissionais de saúde, que já estavam recebendo doses a partir de envios anteriores.
A retomada da distribuição ocorre após diversas capitais e cidades anunciarem a suspensão temporária das campanhas de vacinação contra a Covid devido à falta de doses. O baixo volume enviado e a ausência de um cronograma regular, porém, ainda deixa incertezas sobre o ritmo dessa retomada e o risco de novas interrupções.
Do total de doses previstas, 5% devem ser destinadas a um fundo estratégico criado em conjunto com governadores para tentar acelerar a vacinação em estados mais atingidos. A previsão é que haja envio de dose para vacinar 86.667 pessoas de 60 a 69 anos no Amazona, 24.762 de 80 a 84 anos no Pará e 12.381 no Acre, entre 70 anos a 84 anos.
Em nota, o ministéro diz ainda que prevê o envio de mais 200 milhões de doses até julho, o que permitiria vacinar 50% da população. O cronograma atualizado, no entanto, ainda não foi divulgado.
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