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'Se usar ministério para eleição, é cartão vermelho', diz Bolsonaro

"Se usar ministério para eleição, é cartão vermelho", diz Bolsonaro

Presidente diz ainda que, se reeleito, pode indicar todos os atuais cotados para vagas no Supremo

Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 16:35

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Presidente da República, Jair Bolsonaro. (Alan Santos/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promete dar um "cartão vermelho" a ministros que usarem o cargo e as ações de suas pastas para se promover eleitoralmente, em entrevista ao jornal Estadão. Bolsonaro afirmou ainda que sua prioridade neste ano é fazer uma reforma tributária que "em 30 anos nunca foi feita". "Não importa quem vai ser o pai da criança", disse, fugindo da disputa entre Câmara e Senado sobre qual das propostas será aprovada.

Bolsonaro afirmou que sua prioridade neste ano é fazer uma reforma tributária que "em 30 anos nunca foi feita". "Não importa quem vai ser o pai da criança", disse, fugindo da disputa entre Câmara e Senado sobre qual das propostas será aprovada.

Ao comentar a possibilidade de fazer uma indicação ao Supremo Tribunal Federal, o presidente afirmou que, caso reeleito, poderá ter vaga para todos os ministros cotados, inclusive o ministro da Justiça, Sérgio Moro. "Dá para os três e mais um."  A entrevista foi concedida nesta quarta-feira (5) após cerimônia que marcou os 400 dias de seu governo no Palácio do Planalto. Veja abaixo.

Qual é o balanço dos 400 dias de governo?

  • Eu sabia que não ia ser fácil, mas temos também realizações. Dependemos em grande parte do Parlamento, em parte estamos sendo atendidos.

Qual será a marca do segundo ano de governo?

  • Muita coisa já aconteceu. Os números estão aí para mostrar: economia, combate à violência, concessões, abertura do comércio para o mundo. Temos a reforma tributária conduzida pela equipe econômica - e não importa quem vai ser o pai da criança, se a Câmara ou o Senado. Eu quero é fazer depois de 30 anos uma reforma tributária que nunca foi feita.

Como está conduzindo a escolha do nome para o Supremo?

  • No momento, tenho três "supremáveis". Não vou falar os nomes deles, certo? Pode ser que apareça um quarto. Os ministros? (interrompe a repórter antes de citar Moro, o advogado-geral da União, André Mendonça, e o chefe da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira) Não vou responder. Agora, se eu for reeleito, vamos ter um total de quatro vagas. Dá para os três e mais um.

Existe um projeto no Senado para mudar o critério de escolha. O que o sr. pensa disso?

  • Acho que não vai para frente. (Pela proposta) eu não escolheria um nome da lista tríplice, quem vai escolher é o Senado. Está bem claro no projeto que um nome sairia da OAB. Imagina quem vai sair da OAB? Pelo amor de Deus! A regra não pode mudar com o jogo andando. Haveria reação da sociedade.

E as mudanças da Casa Civil? Na semana passada...

  • Outra pergunta.

E outros ministérios...

  • Outra pergunta.

O sr. não fala de mudanças?

  • Não. Tudo o que tiver que mudar em ministérios será mudado na hora certa e se tiver que mudar. Nós já mudamos quatro ministros.

Atualmente, quem são os seus principais conselheiros?

  • Todos as pessoas que estão próximas a mim têm minha confiança e dou a liberdade para me alertarem. O meu principal conselheiro é a minha humildade.

Como lida com disputa de poder no entorno da Presidência?

  • Se algum ministro quer ser eleito, que abra o jogo. E se, porventura, estiver usando ministério para seu respectivo Estado, vai pegar um cartão vermelho de primeira. É cartão vermelho na hora. Tem que trabalhar aqui para o Brasil como um todo. Não estou vendo movimentação por parte de nenhum ministro para ser vereador ou prefeito neste ano. É direito deles, mas usar o ministério não posso admitir.

E como o sr. se posicionará nas eleições municipais?

  • Você não me viu em nenhum momento dizer que vou apoiar qualquer pessoa.

Nem o (José Luiz) Datena?

  • Venho conversando com o Datena, ele pretende (se candidatar a prefeito de São Paulo).

Sobre o combustível, o sr. conversou com o ministro Paulo Guedes antes de falar em zerar tributos federais?

  • A conversa tem sido com o ministro das Minas e Energia (Bento Albuquerque) e com o presidente da Petrobras (Roberto Castello Branco). Há uma pressão para cima de mim, como se eu fosse o responsável pelo preço final.

Qual é a alternativa?

  • Exemplo de resposta!

Exemplo de pergunta?

  • O ICMS tem que ser um valor fixo no preço do combustível ou um porcentual em cima do preço da refinaria. Agora, os governadores não querem perder a receita e tem esse joguinho aí. Pelo menos, está servindo para a gente mostrar quem é que ganha dinheiro em cima do combustível. Tem um lobby muito forte também dos transportadores, refinaria, distribuidores.

O governador de São Paulo (João Doria) disse que este seu discurso é populismo.

  • Vamos falar de coisa séria? Não vem me falar desse nome do governador de São Paulo para mim, não. Pergunte se ele sabe o que é "Bolsodoria" (slogan usado pelo tucano na campanha) e se o autorizei a usar alguma vez na vida. Esquece.

Como compensar a queda da arrecadação ao zerar tributos que incidem no combustível?

  • Problema é deles (governadores). Não estão reclamando que eu devo diminuir o meu? Vamos diminuir todo mundo.

E sobre a Educação: o sr. fazia elogios afirmando que o Enem não tinha tido problemas, mas houve.

  • Já foi resolvido. Problemas acontecem. Tivemos problemas seriíssimos em outras edições do Enem também.

O sr. concorda que o governo pague pensão a filhas solteiras de ex-servidoras civis da União?

  • Não vou falar sobre isso. Tem que respeitar independentemente de ser filho do Executivo, de militar ou do Judiciário. O que está aí temos acertado que a gente não mexe. É daqui para frente.

Quais diretrizes o sr. definiu para a Regina Duarte na Cultura depois que ela aceitou "casar"?

  • Até a consumação do ato, o casamento pode ser desfeito (a nomeação dela ainda não foi oficializada). A Regina tem um coração enorme, realmente é a "namoradinha do Brasil" e ela está se ambientando. Nós estamos abrindo para ela o que é a Cultura. Estamos nos dando muito bem.

O sr. está satisfeito com o relacionamento com o Congresso? O que precisa azeitar?

  • É igual a um casamento, tem umas briguinhas, mas lá na frente a gente dorme embaixo dos meus cobertores (Bolsonaro solta uma gargalhada).

O sr. quer dizer que o Parlamento dorme embaixo dos seus cobertores?

  • A gente dorme junto. É o preço para a gente ser feliz.

A Câmara tem evitado propostas que contrariem as pautas de costumes do governo?

  • Não vejo a Câmara votar mais nada neste sentido, até porque sabem que vão perder tempo. Eu veto aqui e dificilmente vão derrubar o veto lá, porque essas pautas sempre passam com votação bastante apertada. Quem é a nossa ministra da Mulher, Direitos Humanos e Família? É a Damares (Alves), não é a Maria do Rosário (PT-RS).

Como sr. lida com denúncias envolvendo seus auxiliares?

  • Tenho um pessoal que converso aqui, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o respectivo ministro. A denúncia que, porventura, chega, muitas vezes é "fake". Não posso agir somente por ver uma matéria no zap (WhatsApp), no Facebook de alguém, na imprensa. Até porque tem muita contrainformação. O que aconteceu até agora (envolvendo sua equipe)? Nada. Já acabou o seu tempo.

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