A posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocorrerá em clima de festividade e apreensão. Diante da recente ameaça de bomba na capital do país, a equipe responsável pela proteção ao petista fez um planejamento de segurança robusto para este domingo (1º), que terá de snipers a público restrito e detector de metais.
Nos últimos dias, o plano teve de ser reavaliado pela equipe de transição e pelo governo do Distrito Federal após os casos de vandalismo, com ataque à sede da Polícia Federal, e a tentativa de ataque terrorista na véspera de Natal.
Os casos ampliaram a pressão de autoridades e petistas para que o Exército desmobilizasse o acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general.
O fato de Jair Bolsonaro (PL) ter deixado o país a dois dias da posse deve diminuir a temperatura entre seus apoiadores, avaliam integrantes da equipe de segurança.
O primeiro passo da segurança da posse, portanto, será garantir que os manifestantes que não aceitam o resultado das urnas não se aproximem dos eventos do dia.
Como disse à Folha de S.Paulo o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, eles não poderão se afastar muito do QG, ficando restritos a uma distância de 7 quilômetros da Praça dos Três Poderes. Já não há tantos bolsonaristas como outrora, mas alguns permanecem no local.
Aliados de Lula se queixam de omissão do governo federal e do Exército frente à escalada de violência com a manutenção do acampamento. Eles defendiam uma ação mais enérgica para dispersá-los.
Integrantes das Forças Armadas e das forças de segurança do DF, por sua vez, acreditam que uma medida mais drástica poderia incendiar os bolsonaristas e levar a um conflito.
A equipe do presidente eleito também adotou como medida escantear o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da segurança presidencial, reduzindo seu protagonismo na coordenação do planejamento.
Há desconfiança entre petistas de que o ministério, hoje comandado por Augusto Heleno, tenha sido aparelhado de bolsonaristas.
Pelo mesmo motivo, a escolta do comboio oficial do presidente eleito durante a posse não será feita pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), como ocorreu em anos anteriores. Mas sim pela Polícia Militar do Distrito Federal.
O PT espera cerca de 300 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios e planejou um festival de música e atrações ao longo do dia 1º de janeiro.
Lula convidou, na última quinta-feira (29), seus apoiadores a comparecerem à posse e disse que quem ganhou as eleições tem direito de fazer uma grande festa popular e quem perdeu deve ficar "quietinho".
"Todo mundo está convidado para o ato da posse. Por favor, domingo estejam aí [em Brasília], que não vai ter barulho. Não fiquem preocupados. Quem perdeu as eleições que fique quietinho. E quem ganhou tem o direito de fazer uma grande festa popular aqui em Brasília", disse o petista, durante o último anúncio de ministros do seu governo.
A Esplanada dos Ministérios terá esquema de segurança reforçado para abrigar as centenas de milhares de apoiadores que vão assistir Lula subir a rampa pela terceira vez.
Segundo o planejamento, haverá snipers (atiradores de elite) em cima dos prédios da Esplanada. Além disso, será feito um controle por meio de câmeras e drones.
A Secretaria de Segurança Pública do DF também montará uma tenda, ao lado do Museu Nacional, para dar apoio aos agentes que participarem da operação da posse.
O local servirá como base das forças de segurança, com sistemas instalados para analisar as imagens de câmeras espalhadas pela Esplanada dos Ministérios.
A PF fará varredura contra explosivos no Ministério de Relações Exteriores, no palco do Festival do Futuro e no Palácio do Planalto. Também irá realizar vistorias para evitar artefatos explosivos em veículos e locais de acesso das autoridades.
Além de realizar monitoramento de inteligência, a polícia também terá equipe à disposição para atendimento de ocorrências em eventuais tentativas de invasão ou depredação de prédios públicos e designará um grupo de pronta intervenção caso haja necessidade.
À corporação também caberá promover ações de enfrentamento a possíveis atos de terrorismo e monitorar ameaças cibernéticas.
A PF também terá à sua disposição uma aeronave para atuar em coordenação com a Polícia Militar do DF. Agentes de Operações Especiais também deverão trabalhar em coordenação com a PMDF.
Assim como fez nos atos de campanha do petista, a corporação pesquisou antecedentes das pessoas que estão credenciadas para acessar locais onde autoridades estarão.
Uma das maiores dúvidas diante da proximidade da posse diz respeito ao desfile de carro de Lula, se ele descerá a Esplanada no tradicional Rolls Royce conversível ou se irá em carro blindado.
A expectativa é que a decisão seja tomada neste domingo, após uma avaliação da equipe de segurança com o presidente eleito.
A possibilidade de chuva, comum na capital nesta época do ano, também pode levar Lula e Rosângela da Silva, a Janja, a desfilar em carro fechado.
O acesso à Praça dos Três Poderes será restrito. Inicialmente, apenas 30 mil pessoas poderiam estar no local, cujo acesso estará aberto a partir das 8h.
Um pedido da futura primeira-dama, feito na quinta (29) a integrantes da equipe de segurança da posse, ampliou em mais 10 mil pessoas o público na praça.
Segundo relatos feitos à Folha de S.Paulo, Janja também solicitou que a segurança prepare bolsões para a entrada de pessoas em espaço mais próximo ao Palácio do Planalto e aumente o efetivo de policiais no local, onde o petista receberá a faixa presidencial. Os pedidos foram atendidos na sexta-feira (30).
Todas as pessoas que ficarem na praça dos Três Poderes (espaço entre o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional) terão de passar por um detector de metais. A segurança ali será reforçada pela proximidade com o presidente eleito.
O restante do público só poderá entrar na Esplanada dos Ministérios, pela via N1 (uma das pistas do Eixo Monumental).
"A entrada vai ser mais restrita [do que o previsto inicialmente]. As pessoas vão poder entrar só pela N1, e já vai ter uma linha de revista no local. Elas não vão poder ingressar mais por trás dos ministérios, o espaço estará fechado com tapumes. Toda a Praça dos Três Poderes vai estar fechada também", disse Júlio Danilo.
Além disso, há restrição de objetos para o público que não serão permitidos, como garrafas que não sejam de plástico e caixas de som. A equipe do Festival do Futuro elaborou flyers para facilitar a comunicação dos itens proibidos.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta