SÃO PAULO - Seis pacientes que receberam transplante de órgãos foram contaminados com o vírus HIV no Rio de Janeiro. Os casos foram revelados nesta sexta-feira (11) pela rádio BandNews FM e confirmados pelo UOL junto à SES-RJ (Secretaria Estadual de Saúde do Rio).
Exames feitos nos doadores apresentaram 'falso negativo'. Todos os testes foram realizados pela PCS LAB, de Nova Iguaçu (RJ), que havia sido contratada em caráter emergencial pela SES-RJ em dezembro do ano passado. Novos exames feitos pelo Hemorio comprovaram, porém, que as amostras estavam contaminadas com HIV.
Os casos foram descobertos após paciente passar mal. Ele havia recebido um coração nove meses antes e chegou ao hospital com sintomas neurológicos, segundo a BandNews FM. Exames foram feitos, e o paciente teve diagnóstico positivo para HIV. Até o momento, foram identificados seis casos de transplantados contaminados pelo vírus.
O laboratório foi interditado e 'não funciona mais' no Rio. Todos os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio, segundo informação divulgada por Claudia Maria Braga de Mello, secretária de Saúde do estado, em entrevista à BandNews FM. "Temos o compromisso de manter toda a qualidade que sempre tivemos. Foi um caso sem precedentes", disse.
O UOL ainda tenta contato com a PCS LAB.
De acordo com informações da Agência Brasil, a Anvisa esteve no laboratório PCS e descobriu que a unidade não tinha kits para realização dos exames de sangue e também não apresentou notas fiscais da compra dos itens, o que levantou a suspeita de que os resultados tenham sido forjados.
"A gente tem uma equipe multidisciplinar, contando com uma pessoa que é treinada para dar notícias, um assistente social, um psicólogo e uma diretora da Coordenação de HIV e AIDS do estado do Rio de Janeiro. Já fizemos contato com todas essas seis pessoas. (...) Algumas já estão sendo visitadas em casa ou em algum lugar que elas escolham", disse Claudia Maria Braga, secretária de Saúde, à BandNews FM.
Sindicância foi instaurada para identificar e punir responsáveis. Em nota ao UOL, a SES-RJ informou que "uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados e, imediatamente, foram tomadas medidas para garantir a segurança dos transplantados". Também reforçou que os serviços do PCS LAB foram suspensos assim que a pasta tomou ciência do caso.
Secretaria está rastreando e reexaminando amostras de sangue. Todo o material de doadores colhidos a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório, passarão por esta reavaliação. "Por necessidade de preservação das identidades dos doadores e transplantados, bem como do encaminhamento da sindicância, não serão divulgados detalhes das circunstâncias", completou a SES-RJ.
"A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o caso inadmissível. (...) Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas", disse a SES-RJ, em nota.
A situação é inédita no Brasil, que realiza transplantes desde 1968. E neste ano ultrapassou a marca de 14 mil procedimentos pelo Sistema Único de Saúde só no primeiro semestre.
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