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Sem máscara e de cocar, Bolsonaro promove aglomeração com indígenas

Sem máscara e de cocar, Bolsonaro promove aglomeração com indígenas

O encontro não estava previsto na agenda oficial; Presidente afirma que grupos falam português 'igualzinho ao nosso' e defende exploração de terras indígenas

Publicado em 12 de agosto de 2021 às 15:08

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Encontro de Bolsonaro com o Presidente da Funai, Marcelo Xavier e lideranças indígenas
Encontro com o Presidente da Funai, Marcelo Xavier e lideranças indígenas. (Isac Nóbrega/PR)

Sem máscara e de cocar, o presidente Jair Bolsonaro recebeu um grupo de indígenas apoiadores do governo federal nesta quinta-feira (12), promoveu aglomeração e defendeu a exploração das terras reservadas aos povos tradicionais.

O encontro não estava previsto na agenda oficial de Bolsonaro. Após conversa com alguns indígenas dentro do Palácio do Planalto, o presidente passou cerca de 40 minutos em frente ao prédio posando para fotos e discursando para um grupo maior -cerca de 300, segundo a TV Brasil.

"Os índios não querem ser isolados. Está aqui o exemplo claro. Tem muito indígena aqui que fala português igualzinho ao nosso, tem exatamente o mesmo sentimento nosso", disse o presidente à imprensa. Ele também afirmou que os grupos desejam até "pagar imposto".

Apesar das falas de Bolsonaro, as principais organizações indígenas são contrárias à flexibilização das regras de exploração de terras e defendem a demarcação de novos espaços.

Um indígena fez uma oração dentro do Planalto para Bolsonaro. Ele afirmou que "doidos endemoniados", a "esquerda petista" e outros grupos tentaram "matar nosso povo".

A TV Brasil, que transmitiu o encontro, não identificou nome e etnia dos indígenas. Procurado, o Planalto não informou quais grupos eles representavam.

Bolsonaro estava acompanhado de parlamentares, além do presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Xavier, do secretário de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia, e do cantor e ex-deputado federal Sérgio Reis, que também usava cocar.

Mais cedo, em entrevista à Rádio Jovem Pan de Maringá (PR), Bolsonaro disse que os indígenas devem fazer protestos para defender "nossos projetos", como o que autoriza o garimpo dentro das terras reservadas.

No fim de junho a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou projeto que muda as regras e dificulta a demarcação de terras indígenas, contestado pela oposição e por líderes indígenas.

Cumprindo promessas e indicativos que deu durante a campanha eleitoral de 2018 e em boa parte de sua carreira política, Bolsonaro ampliou de forma expressiva em seus dois primeiros anos de governo um processo de desmonte e esvaziamento dos órgãos responsáveis por cuidar do meio ambiente e das questões indígena e agrária.

Em janeiro de 2020, o presidente disse que o indígena está "evoluindo" e se tornando um "ser humano igual a nós". No último dia 4, ele disse que grande parte dos grupos não sabe o que é dinheiro.

A oposição a demarcações de terras indígenas começou já no primeiro mandato de Bolsonaro como deputado federal (1991-1995), quando tentou impedir a criação da Terra Indígena Yanomami, homologada em 1992 pelo então presidente Fernando Collor.

Durante a campanha presidencial, Bolsonaro disse que não iria homologar mais nenhuma terra indígena, promessa que vem mantendo durante o mandato, apesar de ser um direito previsto na Constituição de 1988.

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