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Simone Tebet tenta repetir "Renan, não!", mas com senador alagoano como aliado

Simone Tebet tenta repetir "Renan, não!", mas com senador alagoano como aliado

Equipe da senadora passou a apostar em uma mobilização fora do Congresso para aumentar a pressão e tentar reverter votos de senadores

Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 13:26- Atualizado há 4 anos

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Senadora Simone Tebet (MDB-MS)
Simone Tebet é candidata à presidência do Senado. (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Em desvantagem na disputa pela presidência do Senado e com praticamente todas as bancadas com suas posições definidas, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) passou a apostar em uma mobilização fora do Congresso para aumentar a pressão e tentar reverter votos de senadores.

Sua equipe busca repetir o fenômeno "Renan, não!", que contribuiu para a derrota do alagoano há dois anos na disputa pelo comando da Casa. A diferença é que agora Renan Calheiros (MDB-AL) está do mesmo lado de Tebet.

Renan era o favorito para vencer pela quinta vez a disputa pela presidência do Senado em 2019. Venceu a própria Tebet em disputa interna na bancada do MDB, quando teve início um movimento no Congresso e na sociedade civil contra a sua candidatura.

Senadores passaram a ser cobrados, e muitos anunciaram que revelariam seus votos no dia da eleição para enfraquecer as movimentações de bastidor em favor de Renan, conclamando os pares a fazerem o mesmo.

Ao perceber que não teria mais votos, Renan retirou sua candidatura, abrindo caminho para a vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP). Tebet foi uma das articuladoras da candidatura de Alcolumbre, que defendeu em plenário.

"O importante é recuperar a credibilidade perante a sociedade brasileira que clama por renovação e alternância de poder", disse a senadora no dia da eleição.

Questionada em recente entrevista ao jornal Folha de S.Paulo sobre a aparente contradição de agora estar ao lado de Renan, Tebet respondeu que "o que houve nesses dois anos é que o MDB conseguiu caminhar a favor da renovação. De lá para cá, nós tivemos um outro presidente nacional do MDB, que é o deputado federal Baleia Rossi, que veio com uma visão de resgate histórico do partido, de renovação, pelas atitudes, pelos gestos, pelas movimentações, que está claro inclusive pela sua própria candidatura para a Câmara".

Agora, a equipe de Tebet e representantes da Juventude do MDB e de movimentos como o MDB Mulher e o Afro fazem mobilização em defesa da renovação no Senado contra Alcolumbre e o candidato apadrinhado por ele, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

IMAGEM DE INDEPENDENTE E COMBATIVA

Um grupo de trabalho com 22 pessoas, entre especialistas em comunicação e dos movimentos de base do MDB, reforça a imagem da senadora como independente e combativa, enfrentando representantes da "velha política".

A principal forma de engajamento se dá pelas redes sociais, com postagens e interações de diferentes militantes e nos perfis oficiais dos movimentos do MDB a cada dez minutos, relata Marijane Grando, uma das lideranças do MDB Mulher no estado de São Paulo.

"Nós vamos nas redes sociais de outros senadores, nós os marcamos nas nossas postagens para tentar mostrar que estamos diante de um marco histórico. O Senado pode ter pela primeira vez em sua história uma mulher presidente", afirma.

A iniciativa ocorre em um momento delicado para a campanha de Tebet, atualmente com dificuldades para atrair adesões.

As articulações do senador Rodrigo Pacheco avançaram com grande velocidade antes da confirmação da candidata do MDB.

Pacheco conta agora com o apoio de nove bancadas que, somadas a algumas dissidências, garantem pelo menos 44 votos, calculam aliados. Como a votação é secreta, no entanto, pode haver traições.

São necessários 41 votos para vencer a eleição - a maioria absoluta dos senadores.

Os aliados de Tebet, por sua vez, dizem acreditar que a senadora tem atualmente pelo menos 33 votos. Por isso, um dos públicos-alvos para tentar reverter a vantagem de Pacheco é justamente o voto feminino no Senado.

Há 12 senadoras hoje na Casa. Cinco delas pertencem a partidos que já declararam apoio a Pacheco: Maria do Carmo Alves (DEM-SE), Kátia Abreu (PP-TO), Mailza Gomes (PP-AC) e Zenaide Maia (PROS-RN).

A outra senadora é Nailde Panta (PP-PB), que é suplente e em breve dará lugar para a titular Daniella Ribeiro (PP-PB), que retorna de licença nos próximos dias.

Além da mobilização nas redes, Tebet participou na quarta-feira passada (20) de uma reunião com o Grupo Mulheres do Brasil, liderado pela empresária Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza.

O grupo foi criado há sete anos por empresárias e executivas e tem como um dos objetivos ampliar a participação das mulheres na política.

A reportagem apurou que o grupo encaminhou uma lista de propostas para a senadora, com o intuito de fortalecer o papel das mulheres na política, que devem constar da plataforma da candidata.

Algumas integrantes, por sua vez, se comprometeram a buscar reversão de votos em favor de Tebet.

O rival na disputa, por outro lado, apostou na estratégia do silêncio público na maior parte da disputa, focando em articulações de bastidores.

Pacheco e o padrinho Alcolumbre buscaram arrebanhar o máximo de apoio enquanto o MDB ainda disputava internamente entre si. Havia quatro pré-candidatos inicialmente, sendo que o escolhido seria o que trouxesse mais votos de outros partidos.

Pacheco formou um bloco heterogêneo que reúne tanto partidos de oposição, como PT e PDT, e também Jair Bolsonaro (sem partido) e o Republicanos, legenda do filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (RJ).

Com a vantagem de liderar com grande margem, Pacheco se deu ao luxo de se manter discreto, sem declarações públicas, sem eventos nem postagens em redes sociais.

Foram apenas três textos publicados no Twitter no último mês, todos para lamentar a morte de políticos mineiros.

Enquanto isso, Pacheco revisita aliados para reforçar laços e evitar traições.

Na quarta passada, por exemplo, Pacheco e Alcolumbre foram a Salvador, em uma visita ao líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), e aos petistas Jaques Wagner, senador, e Rui Costa, governador do estado. PSD e PT são apoios cruciais, que juntos reúnem 17 senadores.

No dia seguinte, pela primeira vez, Pacheco concedeu entrevistas para falar de sua candidatura.

Em relação a movimentações fora do Congresso, um aliado do senador mineiro relata que Pacheco manteve conversas com empresários e com agentes do mercado financeiro.

Esses contatos, conta o aliado, não tentaram apoio direto e sim para explicar as propostas que o candidato pretende defender na Casa, caso eleito - principalmente as reformas para impulsionar a retomada da economia.

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