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Sobrinho de Genivaldo diz que agentes da PRF 'estavam com intenção de matar'

Sobrinho de Genivaldo diz que agentes da PRF 'estavam com intenção de matar'

A PRF de Sergipe, em nota oficial, afirmou que usou "técnicas de menor agressividade" para dominar Genivaldo

Publicado em 30 de maio de 2022 às 07:19

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Walison de Jesus Santos, sobrinho de Genivaldo de Jesus Santos, um homem negro de 38 anos morto em Umbaúba, município no litoral sul de Sergipe, após ação policiais rodoviários federais, declarou que o que os agentes "foi tortura" e eles "estavam com a intenção de matar" o seu tio. A declaração de Walison foi concedida ao Fantástico, da TV Globo, na noite deste domingo (29).

Genivaldo morreu após ser colocado no carro da PF junto com gás
Genivaldo morreu após ser colocado no carro da PF junto com gás. (Redes Sociais/Reprodução)

O sobrinho da vítima acompanhou de perto toda a ação contra o tio e declarou que após os policiais colocarem a vítima e encherem o carro de spray pimenta e gás lacrimogêneo, os agentes não socorreram Genivaldo imediatamente, mesmo com as solicitações dos locais. Walison chamou os policiais rodoviários federais envolvidos no caso de "assassinos".

"Deixaram a viatura ali. Não [socorreram ele imediatamente]. Ele [Genivaldo] ficou lá no local. Com toda a calma, eles foram pegar a moto, o engate do reboque deles para colocar na viatura, pegaram as motos e botaram em cima. E nós dizendo: 'rapaz, olha o rapaz lá dentro'."

De acordo com o sobrinho da vítima, os familiares foram para a delegacia após a saída da viatura e foram informados que Genivaldo estava no hospital. Ao chegarem no local, a família foi impedida de vê-lo. "[Para onde os agentes foram após saírem do local?] Direto para a delegacia. Assim que a gente chegou na delegacia, o delegado notificou a gente que eles tinham vindo para o hospital. Chegamos lá, estava um policial na porta do quarto, a gente pediu para entrar no quarto e ele disse: 'não, não entra ninguém aqui'."

Walison ainda afirmou que está sentindo "uma dor insuportável" pela perda do tio. "Uma dor que eu acho que mais nunca vai sair de mim. Você vê uma pessoa morrendo na sua frente, um ente da sua família, é uma dor insuportável", desabafou.

Segundo José Domingos de Jesus Santos, um dos 12 irmãos de Genivaldo, um dos seus irmãos também foi morto esfaqueado em casa, no ano de 2003. Ele lamentou que a violência tenha atingido a sua família novamente.

JUSTIÇA

Damarise de Jesus, irmã de Genivaldo, disse que busca por justiça pela morte do irmão e quer saber qual a motivação do crime.

A mãe de Genivaldo também questionou por que mataram o seu filho e, chorando, pediu por justiça. "Por que eles mataram o meu filho? Por quê? Por que foi? (...) Eu quero justiça. Fazer que eles paguem o que fizeram com o meu filho", disse a mãe.

O QUE DIZ A PRF?

No sábado (28), a PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgou um vídeo institucional para informar que assistiu "com indignação" ao vídeo que mostra a ação de policiais rodoviários federais durante a abordagem que levou à morte de Genivaldo de Jesus Santos. A instituição também apontou que "não compactua com qualquer afronta aos direitos humanos" e "busca aperfeiçoamento na abordagem de pessoas com transtornos mentais", como era o caso da vítima.

Marco Territo, coordenador-geral de comunicação institucional da PRF, declarou que a ação dos policiais é uma "conduta isolada que não reflete" o posicionamento de outros agentes. O órgão ainda declarou que "desde o primeiro instante" a PRF não se negou a agir no caso e "imediatamente instaurou procedimento administrativo disciplinar, afastando os policiais envolvidos de todas as suas atividades".

Apesar da declaração, a PRF de Sergipe, em nota oficial na quinta-feira (26), afirmou que usou "técnicas de menor agressividade" para dominar Genivaldo, destoando do conteúdo gravado por testemunhas durante a ocorrência. Ainda no texto, a corporação narrou que, durante a abordagem, o homem "resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe da PRF".

A PRF de Sergipe ainda continuou o texto apontando que, em razão da "agressividade" de Genivaldo, segundo a corporação, os agentes empregaram "técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à delegacia da polícia civil da cidade".

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