O estado de São Paulo deu início, na tarde desta sexta-feira (12), à segunda fase do plano de imunização contra a Covid-19, com o fornecimento da segunda dose da vacina Coronavac.
A Coronavac é produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, do governo Paulista. A partir de agora, a segunda e última dose da vacina será dada para quem recebeu a primeira.
A nova fase da campanha começou simbolicamente com a imunização completa da enfermeira Monica Calazans, a primeira brasileira a ser imunizada no dia 17 de janeiro, quando a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou o uso da vacina no Brasil.
A segunda dose pode ser administrada entre 14 e 28 dias após a primeira. Ao lado do governador João Doria (PSDB), Monica Calazans pediu respeito. "Eu sou enfermeira, tenho um Coren [registro profissional] e não sou uma atriz", disse ela, ao rebater os ataques que vem recebendo por ter sido a primeira pessoa a ganhar uma dose da Coronavac no país.
Monica foi vacinada, por volta das 13h, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, com transmissão ao vivo. "Quero deixar claro a minha emoção em poder estar sendo imunizada pela segunda vez, mas isso não me dá o direito de sair de casa sem máscara e álcool em gel", afirmou a enfermeira.
Quem também recebeu uma dose da Coronavac, nesta sexta, foi o padre Júlio Lancellotti, 72, um defensor dos direitos humanos da população de rua na cidade de São Paulo.
A vacinação de Lancellotti ocorreu no mesmo dia em que as pessoas em situação de rua da metrópole com idade acima de 60 anos passaram a receber a primeira dose do imunizante. "É um sinal para florir a esperança nessa cidade. Estamos falando de 2.200 moradores de rua nessa faixa etária", disse Lancellotti.
Pouco mais de 1,3 milhão de doses foram aplicadas no estado, o equivalente a 2,8% da população, até o início da tarde desta sexta, segundo o vacinômetro, mecanismo criado pelo governo paulista para monitorar o ritmo da imunização entre os 645 municípios do estado.
A ferramenta mostrou que a Coronavac já foi aplicada em moradores de 642 cidades paulistas. São Paulo (353 mil), Campinas (52 mil), Guarulhos (34 mil), São Bernardo do Campo (32 mil) e São José do Rio Preto (26 mil) integram o ranking das cinco cidades com o maior número de vacinados até o momento.
A partir desta sexta, o governo Doria também passou a divulgar a lista de cidades, com mais de 100 mil habitantes, que mais vacinaram proporcionalmente a sua população.
São Caetano do Sul (Grande SP), com 8,1% da população local já vacinada, lidera o ranking. Catanduva (7,2%), Botucatu (7%), Barretos (6,3%), Santos (5,8%), São José do Rio Preto (5,7%), Jaú (5%), Araçatuba (5%), Araraquara (4,9%) e Marília (4,8%) completam o levantamento.
A segunda fase de imunização em território paulista começa no momento em que algumas cidades do país já sinalizam o fim dos estoques de doses disponíveis de vacina contra a Covid-19. "O Brasil precisa de mais vacinas. Não pode ter apenas a vacina do Butantan. De cada 10 brasileiros, nove estão recebendo a do Butantan", disse Doria.
Segundo Doria e a cúpula de seu governo presente na coletiva à imprensa nesta sexta, não há risco de faltar vacina para os grupos prioritários que já iniciaram o processo, como os profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate à Covid-19 e os idosos acima de 85 anos.
Regiane de Paula, coordenadora de controle de doenças da secretaria de Saúde, disse que o número de pessoas nos grupos prioritários foram elencados a partir de números da campanha de imunização contra a Influenza e em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a população idosa.
A partir de 1º de março, outra faixa etária, com idosos acima de 80 anos, também será incluída. "O calendário abaixo de 80 anos ainda não foi divulgado. E se já estiver circulando informação de que estamos vacinando pessoas abaixo dessas faixas etárias é fake news", informou o governador.
Com a chegada, nesta última quarta (10), do segundo lote de insumo da Coronavac do ano, o governo paulista prevê saltar de 600 mil para 1 milhão a produção diária da Coronavac.
Até abril, a previsão é que estejam disponíveis 46 milhões de doses, além de um adicional de 54 milhões de vacinas cujo prazo ainda não foi definido junto ao ministério da Saúde.
Além de garantir a vacinação do grupo prioritário, a preocupação do governo paulista gira em torno do Carnaval que, mesmo sem programação oficial por parte das prefeituras por causa da pandemia, poderá inflar cidades da Baixada Santista e do litoral Norte e piorar os indicadores de contaminação no estado, como aconteceu após as festas de fim de ano.
O plano do governo, que derrubou o ponto facultativo na próxima terça (17), é apoiar as cidades turísticas do estado na montagem de barreiras sanitárias e no reforço da fiscalização contra pessoas sem máscara e flagradas em festas clandestinas no período.
O general João Campos, secretário de Segurança Pública do governo paulista, disse que ao menos 31 mil policiais militares e pouco mais de 14 mil viaturas, além de aeronaves, serão usadas em todo o estado para coibir as possíveis atitudes da população que desrespeitarem as regras sanitárias da pandemia até o dia 17 (quarta).
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