Sem respaldo do governo federal, o governo de São Paulo desistiu da ideia de aplicar todas as doses disponíveis hoje da vacina contra a Covid-19 na primeira dose.
A Coronavac, vacina desenvolvida pelo laboratório Sinovac e produzida em parceria com o Instituto Butantan, requer duas doses para garantir a imunização contra a Covid-19. As diretrizes do Ministério da Saúde defendem que secretarias de Saúde reservem 50% das doses das vacinas em estoque para a segunda dose.
A gestão João Doria (PSDB) é contra a ideia e afirma que é melhor aplicar no máximo de pessoas possível a primeira dose agora e oferecer a segunda dose a partir das futuras remessas de vacina do Butantan, dentro do intervalo máximo de 28 dias.
Mas, sem confirmação do governo federal e sem a garantia de que haveria mais vacinas no futuro, a gestão João Doria afirmou nesta sexta (29) que metade das doses disponíveis ficará guardada para a segunda aplicação.
"O questionamento que foi feito ao ministório [da Saúde] foi se nós poderíamos utilizar essas doses que foram guardadas para ampliar de forma mais célere a imunização, e [pedimos] que o ministério desse uma garantia de que naquele prazo da segunda dose nós teríamos mais vacinas. Isso não foi colocado pelo ministério. Então, por uma questão de segurança e respeito a todos que foram imunizados, nós mantivemos essas doses guardadas", afirmou o secretário da Saúde de SP, Jean Gorinchteyn.
Segundo ele, as doses guardadas começam a ser distribuídas aos municípios nesta semana.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, voltou a defender a imunização ampla com as doses disponíveis e afirmou que há prefeituras que já estão agindo dessa maneira.
"Sem polemizar com o Ministério da Saúde, eu pessoalmente não concordo com essa posição de reservar 50% das doses. Eu acho que isso não é condizente com a epidemia, com a gravidade da epidemia, e acho que nao é eticamente sustentável", disse Covas. "Acho que há aí uma análise não factual, é uma anáise absolutamente burocrática que não tem levado em consideração a gravidade do momento."
"Tem municípios que estão utilizando integralmente as doses, e eu acho que eles estão se baseando no problema da gravidade da pandemia e da questão ética. Se existem doses disponíveis, por que não utilizar essas doses? E a hora que chegar o momento certo, da segunda dose, obviamente que haverá segunda dose. O que não faz muito sentido nesse momento é reservar 3 milhões de doses [da primeira remessa de 6 milhões ao governo federal] das que foram liberadas na prateleira. Eu pessoalmente acho que não é uma medida acertada", concluiu Covas.
O governo de SP afirmou que a segunda dose será aplicada exatamente 28 dias depois da aplicação da primeira dose –quem foi imunizado em 17 de janeiro, por exemplo, receberá a segunda dose em 14 de fevereiro. Para isso, os profissionais de saúde receberão um alerta dois dias antes dizendo que precisam tomar a segunda parte do imunizante.
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