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STF rejeita convite de Bolsonaro para integrar comissão sobre Covid

STF rejeita convite de Bolsonaro para integrar comissão sobre Covid

Ministros avaliaram que não cabe ao tribunal participar porque, mais tarde, pode ser obrigado a julgar a constitucionalidade de medidas de enfrentamento à doença

Publicado em 18 de março de 2021 às 20:57- Atualizado há 4 anos

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Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília
Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília: ministros negaram convite de Bolsonaro. (Gil Ferreira/SCO/STF)

Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para integrar uma comissão com o Congresso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Executivo com o objetivo de definir soluções no combate à Covid-19.

O presidente do Supremo, Luiz Fux, submeteu ao plenário o convite de Bolsonaro para que a Corte integre uma frente nacional contra a pandemia do novo coronavírus.

Todos os 11 ministros concordaram em negar a proposta do chefe do Executivo sob o argumento de que não cabe ao tribunal participar dessas discussões porque, mais tarde, pode ser obrigado a julgar a constitucionalidade de medidas aprovadas para enfrentamento da doença.

OBSCURANTISMO

O ministro Gilmar Mendes não citou diretamente o governo federal, mas afirmou que a crise "foi construída" e que o Brasil precisa superar o "obscurantismo que estamos vivendo".

Luís Roberto Barroso, por sua vez, citou a necessidade de uma "correção de rumos" do país no enfrentamento da doença.

O convite de Bolsonaro ocorre no pior momento da crise no Brasil no enfrentamento da pandemia. O país se aproxima da marca de 300 mil mortos e o presidente segue criticando medidas defendidas por médicos e especialistas na área, como quarentena e isolamento social.

Apesar de terem rejeitado o convite, os integrantes do tribunal decidiram que Fux está autorizado a participar, em nome da corte, de uma reunião com os representantes dos outros Poderes para discutir a crise da Covid-19.

O presidente do Supremo não ajudará, no entanto, na definição de políticas públicas específicas sobre o tema.

"Minha preocupação é que nós não temos capacidade institucional, ou seja, expertise em saúde pública. Além disso, em segundo lugar, amanhã ou depois pode se atribuir ao STF a chancela de uma política de saúde sem que nós possamos a posteriori aferir a legitimidade e constitucionalidade da política", afirmou Fux.

O ministro Alexandre de Moraes também defendeu a participação de Fux nas reuniões, desde que não se vincule a atos concretos que serão editados pelo Executivo ou pelo Legislativo.

"Não podemos participar da normatização, mas a conversa entre chefe dos Poderes nesse momento de verdadeira calamidade pública, em que 3.000 brasileiros estão morrendo todos os dias, acho que é dever do Supremo sentar à mesa e conversar", disse.

Relator das principais ações sobre a Covid-19 em curso no STF, o ministro Ricardo Lewandowski também afirmou que o presidente da corte pode participar da reunião, desde que não se vincule a medidas a serem definidas no encontro. Ele disse ser importante Fux "explicar a posição do tribunal que vem sendo adotada nos últimos tempos, com a estrita observância da ciência".

GABINETE DE CRISE

Também nesta quinta-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apresentou uma proposta de criar uma espécie de gabinete de crise para discutir ações de enfrentamento à Covid e questões econômicas como o auxílio emergencial.

A ideia foi levada para líderes das bancadas durante a reunião semanal. Pacheco, no entanto, não afirmou se já havia um acordo prévio com o Palácio do Planalto e em que pé estaria a negociação.

A informação foi divulgada pelo líder da minoria, senador Jean Paul Prates (PT-RN), logo após a reunião de líderes.

Prates disse que inicialmente a proposta previa uma reunião com o presidente Bolsonaro, integrantes de ministérios, do Congresso, Judiciário, Tribunais de Contas, entre outros.

Pouco antes, Pacheco havia publicado em suas redes sociais um pedido para os Poderes se sentarem à mesa e debaterem, requisitando "coordenação" do presidente da República.

"Sentar à mesa, planejar e agir, o mais rapidamente possível. Isso é fundamental! A situação crítica do Brasil exige coordenação do presidente da República, ações do Ministério da Saúde e toda a colaboração dos demais Poderes, governadores, prefeitos e instituições", escreveu o presidente do Senado.

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