SÃO PAULO - O homem suspeito de ter tentado explodir um caminhão de combustível perto do aeroporto de Brasília participou de uma audiência pública no Senado Federal que questionava a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no pleito presidencial.
A Secretaria de Polícia do Senado localizou as imagens de George Washington de Oliveira Sousa na 32ª reunião extraordinária da Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle (CTFC), realizada em 30 de novembro.
A presença na comissão indica que o suspeito de terrorismo já tinha conexões em Brasília, inclusive no parlamento, quando chegou à cidade disposto a praticar crimes.
A polícia legislativa já sabe quem autorizou a entrada de George Sousa no Senado, mas trata a informação como sigilosa.
Neste dia, o colegiado discutia as denúncias da campanha de Jair Bolsonaro (PL) sobre uma suposta falta de isonomia nas inserções de propaganda no rádio durante o pleito.
Por iniciativa do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), a comissão levou para o debate bolsonaristas como Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo de Jair Bolsonaro e integrante da campanha à reeleição do presidente, o jurista Ives Gandra e a influenciadora digital Barbara Destefani, responsável pelo canal "Te Atualizei" e investigada no inquérito das fake news.
Com o empresário suspeito de terrorismo na plateia, os debatedores questionaram a eleição de Lula e criticaram o STF.
Os agentes investigam agora se ele tem ligação, por exemplo, com o empresário bolsonarista que fazia ameaças contra o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Sousa foi preso no sábado (24). Em depoimento, disse que participava do acampamento do QG do Exército que pede a intervenção das Forças Armadas no processo político do país.
Ele afirmou que mora no estado do Pará e que no dia 12 de novembro foi a Brasília para se incorporar aos protestos contra a eleição de Lula.
Disse que viajou à capital federal num carro em que levava duas escopetas calibre 12, dois revólveres, três pistolas, um fuzil Springfield calibre .308, mais de mil munições de diversos calibres e cinco bananas de dinamite.
Nesta segunda (26), a Secretaria de Polícia do Senado Federal decidiu restringir o acesso de visitantes às dependências da Casa depois dos atos de violência em Brasília, e da prisão de Sousa.
As medidas foram tomadas também visando aumentar a segurança para a posse de Lula, no dia 1º de janeiro.
De acordo com informações apuradas pela reportagem, apenas os 81 senadores, servidores e profissionais terceirizados com crachá de identificação poderão entrar no Senado.
Os gabinetes dos senadores, que podem autorizar a entrada de visitantes, não poderão fazer isso no período. Exceções deverão ser comunicadas com antecedência à segurança, que terá a prerrogativa de permitir ou não a entrada.
Além disso, os servidores deverão passar por um detector de metais antes de ter acesso ao prédio.
Eles hoje são dispensados da vistoria, mas vão ter que se submeter a ela no período de preparativos para a posse.
"É obrigatório que todas as pessoas passem pelos pórticos de raio-X e detectores de metal para adentrar nas dependências do Senado Federal. A medida direciona-se a servidores, funcionários terceirizados e prestadores de serviço. Durante esse período, não será permitida a entrada de visitantes", diz o despacho da segurança, assinado pelo diretor da Secretaria de Polícia, Alessandro Morales.
Entregadores também serão proibidos de acessar as dependências do Senado.
"O acesso a entregadores de alimentos ou motoristas de aplicativo não será concedido", avisa o informe.
"As entregas de alimento e o embarque ou desembarque de passageiros deverão ser procedidos na área externa ao Senado Federal", determina ainda o documento.
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