O leilão do 5G só deve ocorrer no próximo ano, mas as operadoras decidiram usar as redes em preparo para a nova tecnologia e lançar pacotes com serviços que simulam a velocidade da telefonia de quinta geração.
Para embarcar nessa inovação, conhecida no setor como "sub-5G", o cliente terá de arcar com ao menos R$ 6.400 para adquirir um aparelho 5G atrelado a um plano de uma operadora (Claro, Vivo ou TIM). Para a Vivo, somente o aparelho, um modelo da Motorola, sai por quase R$ 10 mil.
A Claro foi a primeira a lançar os planos. Na Vivo, líder do mercado, a previsão era que o 5G chegasse às principais capitais nesta sexta-feira (24). São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre estão entre elas.
Nos planos individuais (entre R$ 150 e R$ 165), o aparelho sai, em média, por R$ 6.340, em parceria com aplicativos como Netflix, WhatsApp e Spotify.
Quem fizer a portabilidade também terá preços menores. Para os planos familiares, o desconto no aparelho é maior (sai por R$ 4.600), mas é preciso incluir até oito dependentes com uma franquia de dados de 500 MB.
Para se ter ideia, um iPhone 11 4G de 128 MB de capacidade custa R$ 4.650 nas redes varejistas.
A antecipação do 5G ocorre porque as teles vão usar as frequências do 4G (1,8 Ghz e 2,5 Ghz, por exemplo) para atender tanto clientes da quarta geração quanto os novos, de 5G.
Inovações desse tipo são comuns no mercado de telefonia. Foi assim no passado, quando o 2G, que só permitia ligações, virou 2,5G. Naquela época, o serviço ficou conhecido como WAP e hoje é conhecido como a pré-história da navegação pelo celular, que, tecnicamente, só chegou com o 3G. Desta vez, ocorre algo parecido.
Velocidade em dobro. O principal fornecedor do sub-5G será a Ericsson, que, por meio de um software, conseguiu fazer com que as antenas hoje em uso identifiquem aparelhos 4G e 5G. Quando o cliente acionar a rede, terá uma espécie de estrada só para ele, o que tornará sua navegação ao menos 100% maior do que no 4G.
"Essa solução permite identificar em uma estrada 'carros 4G' e 'carros 5G' ao mesmo tempo", disse Paulo Berdanocki, diretor de soluções de rede da Ericsson. "Os 5G vão circular mais rápido. Mas, para atingir a velocidade máxima da nova tecnologia, só com o leilão das novas frequências, que, na prática, criarão estradas específicas para eles."
Técnicos das operadoras afirmam que, com essa solução, será possível navegar com uma média de até 40 Mbps (megabits por segundo), o dobro da média máxima obtida atualmente pelas redes de quarta geração. O potencial, no entanto, é de até 1 Gbps (gigabit por segundo).
Pelos testes realizados nas redes pelas operadoras, a latência -tempo que o telefone leva entre acessar um site e baixá-lo na tela- fica em média de 5 milissegundos, embora a promessa da solução seja de 1 milissegundo, que é o padrão mínimo do 5G.
Por isso, os técnicos batizaram o serviço de 4,7 G e afirmam que, para oferecê-lo, as teles terão de escolher localidades que tenham ao menos 100 Mhz de frequência disponível. Caso contrário, estarão "queimando a largada" da experiência de navegação do 5G, porque a navegação será similar à do 4G.
A Claro, que adquiriu a Nextel, é a que dispõe de mais frequências livres no momento e clientes de alto poder aquisitivo e alto padrão de consumo, alvo para a migração.
A escolha da Ericsson como fornecedor não significa, no entanto, uma barreira para a líder chinesa Huawei quando ocorrer o leilão do 5G, previsto para o primeiro trimestre de 2021.
No Reino Unido a fabricante foi banida por pressão dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump conduz uma disputa comercial com a China e a liderança global no 5G tornou-se uma questão estratégica para os americanos.
No Brasil, o governo americano também faz pressão para inviabilizar os chineses.
Para as teles, quando o leilão do 5G ocorrer, será preciso investir na troca de todos os equipamentos, inclusive os que terão a solução da Ericsson neste momento.
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