A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a instauração de toque de recolher promovida por traficantes em favelas da cidade. Grupos criminosos estão determinando o fechamento de comércio e horário para que todos estejam em casa para evitar a contaminação com o novo coronavírus.
A prática vem ocorrendo desde março, quando o governo do Rio de Janeiro determinou o isolamento social em todo seu território. A medida será prorrogada pelo governador Wilson Witzel (PSC) até ao menos 31 de maio.
Na favela de Vila Aliança, um carro de som circulou com aviso sonoro determinando o uso de máscaras, e o fechamento de estabelecimentos até as 20h.
"Se você não abraçar o papo, já sabe, né?", diz a mensagem, seguida da música "Astronomia", de Tony Igy, trilha sonora do famoso meme do caixão.
Há relatos também de toque de recolher em favelas de toda a cidade. Um carro também circulou na favela de Acari determinando que ninguém circule sem máscaras.
"Não fique passeando na rua de bobeira. Atenção mamãe: não deixe suas crianças na rua. Não estamos de férias, estamos de quarentena. O carro da Lapada vai fiscalizar. Abrace o papo, ou o papo vai te abraçar", diz a mensagem sonora.
Em março, já havia relatos de toque de recolher na Rocinha, Cantagalo (zona sul), Rio das Pedras, Cidade de Deus (oeste), Manguinhos (norte) e Brás de Pina (zona norte).
Nessas comunidades, isso aconteceu antes que começasse a valer a determinação do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) para que os comércios não essenciais fechassem obrigatoriamente, a partir desta terça-feira (24) e por tempo indeterminado.
De acordo com os relatos, os próprios traficantes estão com medo da doença. Primeiro porque a propagação do vírus nas favelas afetaria os negócios, segundo porque eles próprios não poderiam procurar hospitais se fossem contaminados.
Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, foram confirmados 15.740 casos de Covid-19 no Rio de Janeiro, com 1.503 mortes.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta