Par romântico de Regina Duarte em novelas como "Vale Tudo" (Globo, 1988) e "Por Amor" (Globo, 1997), Antonio Fagundes disse que torce para a atriz não sair queimada do governo de Jair Bolsonaro. Regina estuda aceitar o convite do presidente para substituir Roberto Alvim na Secretaria Especial da Cultura.
A declaração de Fagundes foi dada em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta sexta-feira (24), quando vai ao ar o último capítulo de "Bom Sucesso", novela protagonizada por ele.
"Sobre Regina, tenho sempre pena de artista que entra nessa jogada. Temos tanta coisa para fazer e o jogo sujo da política só pode trazer coisa ruim. Torço para que a Regina não saia queimada", afirmou.
O ator falou também que com dotação orçamentária de 0,6% "ninguém consegue gerir um patrimônio cultural do tamanho do Brasil".
"Não falo só de teatro e cinema, mas de patrimônio histórico, museus, sinfônicas, companhias de dança, de circo... Este enorme patrimônio que cria a nossa sociedade e faz com que nos reconheçamos no outro. Governo que destina essa quantia à Cultura não se interessa pelo Brasil. E esta, infelizmente, não é prerrogativa desse governo, acontece desde 1500."
A nomeação da atriz Regina Duarte para a Secretaria Especial da Cultura vai ser anunciada na quarta (29) ou quinta-feira (30), disse nesta sexta (24) o presidente Jair Bolsonaro, após chegar a Nova Déli, onde inicia visita oficial de três dias.
"Continuamos namorando. Na quarta ou quinta-feira, ela vai no cartório assinar o casamento", afirmou.
A atriz foi convidada para o posto no final da semana passada, logo após a demissão de Roberto Alvim, que publicou um vídeo parafraseando um ministro da Alemanha nazista, Joseph Goebbels.
Em visita a Brasília na quarta (22) para a realização de "testes", Regina disse que ainda não confirmou se assumirá o cargo e voltou a fazer uma analogia com "noivado" sobre estar estudando as possibilidades.
Regina Duarte teve contas recusadas na Lei Rouanet por um projeto de 2004, o que gerou dívidas de R$ 319,6 mil com o governo.
A artista tem uma empresa chamada A Vida É Sonho Produções Artísticas e captou três financiamentos com base na lei de incentivo a projetos culturais. O valor estimado é R$ 1,4 milhão.
Em março de 2018, a área técnica do extinto Ministério da Cultura reprovou a prestação de contas de um desses projetos, relativos à peça "Coração Bazar".
Regina, segundo o Diário Oficial da União, captou R$ 321 mil, mas teve contas reprovadas. Foi cobrado dela restituição de R$ 319,6 mil ao Fundo Nacional da Cultura. A produção da peça apresentou recurso.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria Especial da Cultura diz que não se pronunciará sobre a irregularidade.
À revista Veja, Regina Duarte respondeu que fará "o que a Justiça mandar", sobre a reprovação. A reportagem tentou contato com a atriz, mas não obteve resposta.
A Veja também conversou com o filho da artista, André Duarte, que é sócio-administrador da empresa. Ele disse que a reprovação aconteceu pela falta de comprovantes de que a peça foi exibida sem cobrar ingressos, o que era uma exigência do contrato.
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