O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez nesta segunda-feira (7) um dos mais duros ataques ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde que os dois passaram de aliados na eleição de 2018 a desafetos políticos. Durante entrevista coletiva em que apresentou o Plano Estadual de Imunização contra Covid-19, ao criticar o que considera uma demora do governo federal em iniciar a vacinação nacional, o tucano sustentou, em tom de lamentação, que Bolsonaro não sentiria compaixão pelas mortes provocadas pela pandemia e teria abandonado os brasileiros.
"Se podemos começar a salvar vidas já, por que vamos esperar que, diariamente, quase 700 pessoas percam a vida para atender o capricho de alguém que está sentado no Palácio do Planalto e acha que tem de ser uma única vacina no País? Isso não é justo, não é humano", discorreu o governador paulista.
Mais de uma vez, Doria disse haver negacionismo e protelação no governo federal em relação à urgência da crise sanitária e, mesmo quando questionado sobre a hipótese de uma corrida de brasileiros de fora de São Paulo pela vacina, afirmou que a CoronaVac será oferecida a qualquer pessoa que a pedir dentro do Plano Estadual de Imunização. Ele alegou que, se preciso, seu governo comprará mais doses da vacina, produzida pela farmacêutica chinesa SinoVac em parceria com o Instituto Butantan.
"O que desejamos é que o Plano Nacional de Imunização seja antecipado, como pode ser, e inclua todas as vacinas, e não apenas a vacina de preferência do presidente da República ou do Palácio do Planalto", relatou o governador. "Temos quatro vacinas em processo final de aprovação pela Anvisa. Entre elas, a mais avançada é a CoronaVac."
Para Doria, aquilo que chamou de "capricho" de Bolsonaro contra a vacina viabilizada pela sua gestão não representaria a compaixão mínima que uma pessoa deve ter pela vida e pela existência. O tucano disse que um amigo seu faleceu com covid-19 "em menos de três dias".
"Vamos esperar que milhares de outros percam a vida, porque alguém quer uma única vacina e que essa vacina tem que ser priorizada em detrimento de outras?", questionou o chefe do Executivo paulista, em uma das várias perguntas retóricas feitas em contraponto ao governo federal na entrevista coletiva.
E completou, em uma de suas mais pesadas críticas dirigidas a Bolsonaro: "Triste o Brasil que tem um presidente que não tem compaixão pelos brasileiros, que abandonou o Brasil e os brasileiros."
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