No dia em que foram conhecidos os planos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de trocar a chefia da Casa Civil, o atual ministro da pasta, general Luiz Eduardo Ramos, publicou fotos ao lado do mandatário no estádio Mané Garrincha, em Brasília, onde os dois assistiram a um jogo do Flamengo na Libertadores.
"Voltar ao estádio e torcer para o Mengão é uma alegria indescritível! Estamos vencendo a Covid-19. Já são mais de 125 milhões de vacinas aplicadas no Brasil, todas compradas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Que honra estar nesse time! Falta só a vitória do Flamengo", escreveu Ramos numa rede social.
Ele aparece em duas imagens ao lado de Bolsonaro. Em uma delas, também estão os ministros Fábio Faria (Comunicações) e Anderson Torres (Justiça).
O Flamengo venceu na noite desta quarta-feira (21) o Defensa y Justicia (ARG), por 4 a 1, pela Libertadores.
Ramos aparece sem máscara nas duas imagens. Já Bolsonaro só usa o equipamento de proteção em uma das imagens.
Ramos deve ser a principal troca em uma reforma ministerial planejada por Bolsonaro para os próximos dias.
De acordo com interlocutores, ele deve ser deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência, hoje ocupada por Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Onyx, pelos planos atuais, assumirá o Ministério do Trabalho e da Previdência, que será recriado com a publicação de medida provisória prevendo a divisão do Ministério da Economia, de Paulo Guedes.
Para o lugar de Ramos na Casa Civil, Bolsonaro deve escalar o senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos principais líderes do centrão --grupo de parlamentares que hoje dá sustentação ao governo no Legislativo.
A troca de Ramos por Ciro representa um afastamento dos militares do núcleo decisório do governo. General da reserva, Ramos sai de um cargo estratégico para um ministério de menor importância.
Auxiliares de Bolsonaro relataram que Ramos demonstrou insatisfação com a mudança. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele se disse surpreendido.
"Eu não sabia, estou em choque. Fui atropelado por um trem, mas passo bem", afirmou Ramos, que se disse "um soldado" que "não escolhe missão". De acordo com o jornal, ele explicitou ainda que a mudança é por "motivos políticos".
"Se eu estivesse sendo trocado por alguém formado em Oxford ou Harvard, tudo bem, poderiam dizer que falhei. Mas é por um político aliado do presidente, é assim que funciona", disse.
As mudanças na Esplanada serão feitas em meio a uma série de pressões sobre Bolsonaro, incluindo mais de cem pedidos de impeachment na Câmara, perda de popularidade, desvantagem sobre Lula nas pesquisas eleitorais para 2022, investigação da CPI da Covid no Senado, instabilidades na base governista e negociações do fundo eleitoral bilionário.
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