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Ucrânia refaz convite a Lula para ver as 'reais razões' da guerra

Ucrânia refaz convite a Lula para ver as 'reais razões' da guerra

Oleg Nikolenko, porta-voz da diplomacia ucraniana, criticou postura do presidente em colocar Rússia e Ucrânia no mesmo patamar

Publicado em 18 de abril de 2023 às 16:39

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Ana Luiza Antunes, especial para o Estadão

BRASÍLIA - Após a repercussão das recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a Guerra na Ucrânia durante viagem à China e aos Emirados Árabes, além da recepção formal em Brasília ao chanceler russo, Serguei Lavrov, o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, refez o convite para que o presidente brasileiro vá a Kiev de modo a "compreender as reais razões" da guerra e a "essência da agressão russa".

O pedido da Ucrânia foi reforçado depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, nesta segunda-feira (17), formalizar convite do presidente russo, Vladimir Putin, para Lula participar do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF), previsto para junho.

Vista aérea de Bakhmut, palco de   intensas batalhas com as tropas russas   na região de Donetsk, na Ucrânia
Vista aérea de Bakhmut, palco de intensas batalhas com as tropas russas na região de Donetsk, na Ucrânia. (LIBKOS/AP)

Em entrevista à jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou que Lula recebeu o convite. "O presidente recebeu o ministro Lavrov para uma visita de cortesia. O ministro Lavrov foi portador de uma carta de Putin para Lula para ir à Rússia para o fórum econômico de São Petersburgo", disse.

A tensão sobre o tema cresceu após o ministro e Lula terem recebido a visita de uma comitiva russa liderada pelo chanceler nesta segunda (17). Lavrov destacou que Brasil e Rússia partilham da mesma visão sobre a guerra. Vieira, por sua vez, em resposta aos comentários do governo dos EUA, disse não concordar "de forma alguma" que o País estaria alinhado aos russos, destacando que as duas nações possuem uma "história em comum".

Em uma publicação no Facebook, Nikolenko declarou que a abordagem que coloca vítima e agressor na mesma escala não corresponde à situação real. "A Ucrânia não precisa ser convencida de nada", afirmou. "A guerra de agressão está sendo travada em solo ucraniano e está causando sofrimento e destruição incalculáveis. Mais do que ninguém no mundo, buscamos o fim da agressão russa com base na Fórmula da Paz proposta pelo presidente Zelenski", destacou.

O porta-voz ressaltou ainda que a Ucrânia "observa com interesse" os esforços do presidente do Brasil para encontrar uma solução para acabar com a guerra, e reforçou o convite para que Lula visitasse o país "a fim de compreender as reais razões e a essência da agressão russa e suas consequências para a segurança global".

No início de março, Lula conversou com o presidente ucraniano Volodmir Zelenski por videoconferência. Na ocasião, se ofereceu para auxiliar na mediação do conflito e foi convidado a visitar o país.

Reações

Quando ainda estava em solo chinês, Lula afirmou em coletiva de imprensa que era preciso que os Estados Unidos parassem de "incentivar a guerra". A mesma opinião foi proferida em relação à União Europeia. Tanto a reação da Casa Branca quanto da UE foram duras, e o porta-voz de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, disse que o petista estava "reproduzindo propaganda russa e chinesa" com uma abordagem "profundamente problemática".

Já o porta-voz da Comissão Europeia, Peter Stano, disse que as ações do bloco não alimentaram o conflito. "A verdade é que a Ucrânia é vítima de uma agressão ilegal que viola a Carta das Nações Unidas", disse.

Em outro momento, já em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, Lula voltou a comentar sobre o conflito e repetiu o argumento que proferiu em maio de 2022, ao atribuir a responsabilidade do confronto entre Rússia e Ucrânia a ambos os países. "A decisão da guerra foi tomada por dois países", disse. O presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, por sua vez, divulgou um comunicado pedindo para o Brasil "não traia" as esperanças dos brasileiros descendentes de ucranianos que moram no País.

Ele comentou que Lula foi ingênuo em suas declarações. "Se ele quer ser imparcial e lutar pela paz na Ucrânia, ele tem de ter menos ingenuidade em relação à Rússia porque é um país que, tradicionalmente, não respeita acordos internacionais", comentou.

Esta não é a primeira vez que o presidente diz falas polêmicas em relação à guerra. Mesmo antes de vencer as eleições em outubro do ano passado, o petista fez inúmeras declarações sobre o embate.

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