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Coronavírus: Só um terço dos brasileiros acha que país está preparado

Coronavírus: Só um terço dos brasileiros acha que país está preparado

Foram ouvidas 2.305 pessoas, por telefone, de todas as capitais do Brasil, além do Distrito Federal

Publicado em 21 de março de 2020 às 18:18

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Os efeitos do coronavírus na Grande Vitória . (Fernando Madeira)

Pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva indica que as pessoas entendem que o governo federal bate cabeça e não há discurso alinhado com governadores e prefeitos. Uma pesquisa realizada na sexta-feira (20) pelo Instituto Locomotiva mostra que só um terço da população brasileira acredita que o país está preparado para combater o novo coronavírus (Covid-19).

Foram ouvidas 2.305 pessoas, por telefone, de todas as capitais do Brasil, além do Distrito Federal. "Apenas 3 em cada 10 brasileiros acreditam que o País esteja preparado para a pandemia", diz Renato Meirelles, presidente da Locomotiva, empresa de pesquisa especializada na classe C.

A visão mais pessimista sobre o combate da pandemia está na população mais jovem, de 18 a 29 anos. Nesta faixa, 86% não acreditam que o sistema público de saúde consiga conter o avanço da doença. Já entre as pessoas acima de 60 anos, a crença é maior: 37% estão otimistas e 63% não.

"Há alguns fatores que pesaram na pergunta sobre o Brasil estar ou não preparado para a pandemia. O principal era se o sistema público de saúde está preparado para receber os doentes. E a impressão geral é de que não. As pessoas também acham que o governo está batendo cabeça entre eles e de que não há um discurso alinhado do presidente Jair Bolsonaro com governadores e prefeituras. E isso é um fator de preocupação", explica Meirelles.

Outro ponto de dúvida é sobre o que é gripe ou pandemia. "A população acredita que outros países estão mais organizados para combater o coronavírus."

A pesquisa mostra que 86% da população está muito preocupada com a epidemia. Outros 11% estão um pouco preocupados e apenas 3% não. A maior tensão com a doença se expressa em todas as faixas etárias de todas as cinco regiões do País. Foram ouvidas pessoas de 18 a 29 anos; de 30 a 39 anos; 40 a 49 anos; 50 a 59 anos e 60 para cima.

"AINDA NÃO CAIU A FICHA"

Para Meirelles, contudo, apesar da preocupação dos brasileiros, ainda não "caiu a ficha" das pessoas sobre a necessidade de fazer o confinamento. Isso fica claro na abordagem feita pela Locomotiva sobre a necessidade de fechamento das escolas e também sobre restringir o transporte público. Quase a totalidade da população, ou seja, 96,5% da população é a favor do fechamento das escolas. No entanto, 42,3% dos entrevistados defendem que os transportes públicos devem ser continuar funcionando.

"As pessoas não têm claro ainda o que é o confinamento. Não caiu ainda a ficha. Elas são favoráveis a fechar a escola, mas podem pegar ônibus. É contraditório. Isso também é difícil para outros países, como na Itália e Espanha. Mas se acentua aqui num país como tamanha desigualdade", disse.

FECHAMENTO DO COMÉRCIO

A maioria da população também defende o fechamento do comércio. A resistência é maior na população mais velha (de 50 anos para cima). Na abordagem, 84% são favoráveis; 15% preferem que as lojas fiquem abertas e 1% não soube responder.

Um terço dos entrevistados disseram que passaram a estocar produtos: 33% contra 67%.

Outro fator de preocupação de Meirelles é sobre a avaliação das pessoas sobre as famílias estarem preparadas contra a pandemia. Neste caso, também, 62% das pessoas dizem que suas famílias estão conscientes sobre o combate da doença. Outros 38%, não. O maior pessimismo, neste caso, está na população das regiões Norte e Nordeste: 53% e 49%, respectivamente dizem não estar preparadas. A faixa etária entre 30 e 39 anos também não tem perspectiva positiva sobre o tema.

A pergunta, neste sentido, teve dois direcionamentos, segundo Meirelles. Do ponto de vista de conhecimento das informações divulgadas sobre a doença e sob o ponto vista econômico. "Quanto tempo dá para ficar na própria casa com seu dinheiro? Sob o ponto de vista econômico, na baixa renda, 8 em cada 10 brasileiros não têm poupança. Por não ter reservas, literalmente essa faixa da população vai ter de vender o almoço para comprar a janta."

Segundo Meirelles, para um trabalhador autônomo, essa situação complica ainda mais. "Não estou falando das pessoas empregadas e que podem perder o emprego. Aqui também estão os trabalhadores informais. Pessoas que, de fato, vão sofrer porque seu empregadores estão isolados."

Na semana que vem, a Locomotiva vai divulgar pesquisa sobre raio-x da economia. Ou seja, o impacto do coronavírus no bolso das pessoas e sobre a percepção de perderem seus empregos.

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