O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lamentou nesta quarta-feira (25) as mortes pelo novo coronavírus no Brasil, mas afirmou que as vítimas também morreriam se fossem acometidas pelo vírus H1N1. Ele citou o exemplo de sua mãe, com 93 anos, declarando que "uma gripe qualquer" pode ser fatal nessa faixa etária.
O número de mortes pela covid-19 no Brasil subiu de 34 para 46 na terça-feira (24). O índice de letalidade está em 2,1%.
De acordo com o Ministério da Saúde, houve um crescimento de 1.891 para 2.201 pessoas testadas com o coronavírus de um dia para o outro, somando 310 novos casos no período.
Apesar de o presidente insistir na tese, por mais de uma vez, médicos, cientistas e outros líderes mundiais já ressaltaram que o novo coronavírus é mais grave que uma gripe comum.
"Todos são vírus diferentes, mas que comprometem o aparelho respiratório, uns mais graves outros nem tanto. Porém, o número de pessoas que evolui para a forma grave com o coronavírus é maior e, consequentemente, a letalidade também. O coronavírus afeta a superfície respiratória dos pulmões, causando insuficiência respiratória", observou o infectologista Crispim Cerruti Júnior, em reportagem publicada por A Gazeta que você pode conferir aqui:
"Ninguém quer que ninguém morra. Se essas pessoas tivessem pego H1N1, iriam morrer também. Essas pessoas, como você vê nos EUA e em outros países, têm uma média de idade na casa dos 80 anos", disse Bolsonaro na manhã desta quarta, ao sair do Palácio da Alvorada.
Só em São Paulo, dez novos óbitos pelo novo coronavírus foram confirmados entre segunda-feira e terça-feira. São seis homens (71, 75, 79, 80, 89 e 93 anos) e quatro mulheres (48, 65, 84 e 85 anos). "Olha, quem está são o risco é quase zero. O problema é acima dos 60 anos ou quem tem algum problema de saúde", declarou o presidente da República.
Bolsonaro defendeu mudança na orientação do Ministério da Saúde sobre o isolamento da população durante a pandemia.
Para ele, somente os idosos e as pessoas doentes precisam ficar isoladas. O chefe do Planalto relatou que conversaria com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sobre a decisão.
A Sociedade Brasileira de Infectologia se mostrou preocupada com as recentes declarações do presidente. "Tais mensagens podem dar a falsa impressão à população que as medidas de contenção social são inadequadas e que a Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) é semelhante ao resfriado comum, esta sim uma doença com baixa letalidade", registrou a entidade.
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