O insólito desfile de blindados pelas ruas de Brasília nesta manhã de terça (10) utilizou equipamentos deslocados do Rio de Janeiro para o maior exercício anual de forças terrestres da Marinha do Brasil, a Operação Formosa.
Apesar de o uso da palavra tanque ter ganho manchetes e discursos de políticos, apenas um dos veículos presentes, que protagonizaram vídeos e memes na internet pela fumaça desprendida e aparente má regulagem do motor a diesel, pode ser classificado assim.
Trata-se do carro de combate leve, ou tanque leve, SK-105 Kürassier. Os fuzileiros têm uma reduzida frota de 17 unidades desse antigo veículo austríaco, produzido desde os anos 1970 e incorporado em 2001. O Exército opera tanques em si, modelo Leopard alemães, mas eles não fazem parte deste exercício.
A simulação em Formosa ocorre todos os anos desde 1988.
O desfile e a entrega do convite para comparecimento do presidente Jair Bolsonaro, contudo, são inéditos e lidos universalmente como uma tentativa de intimidação dos Poderes ao ocorrer no dia em que a Câmara deverá enterrar a proposta de reintrodução do voto impresso.
O exercício é o principal momento de treinamento do Corpo de Fuzileiros Navais, que tem sede no Rio. Ele ocorre no Centro de Instrução de Formosa (GO), a 80 km de Brasília.
A área de 1.800 km² é do Exército, que a cede à Marinha por permitir o uso de munições reais. Neste ano, serão 2.500 militares, com uma presença residual de 100 homens da Força Terrestre, que já participou em outros anos, e inéditos 30 aviadores da Força Aérea.
Em 2020, com a pandemia, foram só 500 envolvidos para evitar contaminações - no ano anterior, eram 1.900. Segundo o jornal Correio Brasiliense, há um suposto surto de Covid-19 ocorrendo no acampamento em Formosa, mas a Marinha não confirma.
Passaram pela praça dos Três Poderes e pela Esplanada dos Ministérios velhos conhecidos das Operações de Garantia da Lei e da Ordem no Rio, como o veículo de assalto anfíbio americano AAV-7A1.
O Brasil opera quase 50 desses monstrengos de 26 toneladas quando carregado, em ação desde o começo dos anos 1970 nos EUA, metade da frota sendo recente: os veículos foram comprados em 2014, após terem sido usados em ações como a tomada do Complexo do Alemão.
Outro esteio dos fuzileiros é o pequeno M-113, um venerando veículo de transporte de tropas sobre lagartas, obsoleto. Ele foi outra das estrelas do festival de fumaça durante o desfile.
Mais moderno, o veterano das GLOs do Rio Mowag Piranha, de fabricação suíça e comprado nos anos 2000 para operar inicialmente na missão de paz liderada pelo Brasil no Haiti, também foi deslocado.
Mais eficazes em Formosa são os lançadores múltiplos de foguetes da família Astros, talvez a principal ou única arma de dissuasão brasileira que causaria preocupações a um vizinho hostil.
Ao todo, são 150 veículos, 1.500 toneladas de equipamento, que a Marinha trouxe por 1.400 km até o cerrado. O Formosa vai ocorrer desta terça até o dia 16.
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