A UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) decidiu desligar do quadro de alunos um doutorando de filosofia que havia sido indiciado no ano passado pelo crime de racismo qualificado. A universidade, sediada em Porto Alegre, confirmou a punição a Álvaro Körbes Hauschild em uma portaria assinada pelo reitor Carlos André Bulhões na última quinta-feira (14).
O caso ganhou repercussão em outubro do ano passado, quando vieram à tona mensagens enviadas por Hauschild para a namorada de um outro estudante da instituição que é negro. Segundo as mensagens divulgadas pelo namorado à época, o doutorando sugeria, por exemplo, que ela encontrasse outro parceiro para "não passar vergonha" e argumentava que a jovem "merecia algo à altura".
O caso gerou revolta entre alunos da UFRGS. Houve campanha pela expulsão do aluno, e as denúncias passaram a ser investigadas pela Polícia Civil. Hauschild foi indiciado por racismo qualificado em outubro do ano passado.
No documento em que confirma o desligamento do aluno, a universidade gaúcha cita um trecho do Código Disciplinar Discente. Esse trecho considera como uma das infrações gravíssimas o ato de "praticar, induzir ou incitar, por qualquer meio, a discriminação ou preconceito de gênero, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual ou procedência".
A expulsão foi comemorada nas redes sociais por movimentos estudantis e antirracistas. Conforme a UFRGS, Hauschild tem direito a um pedido de reconsideração da medida com prazo de dez dias. A instituição disse que não iria fazer comentários além do texto que está na portaria.
A Folha tentou contato com o doutorando, não recebeu resposta até a publicação desta reportagem. Após o caso se tornar público, o estudante confessou à polícia o envio das mensagens, mas afirmou ao portal G1 que não é racista e negou que tenha cometido crime.
Em publicação nas redes sociais, também na época em que o episódio ganhou repercussão, Hauschild pediu desculpas. "De fato, ofendi meu acusador com expressões de desprezo e gostaria de me retratar. Gostaria ainda de ver em seu rosto o acolhimento dos pedidos de desculpas. A muitos parece que a mensagem desrespeita pessoas negras e, mais uma vez, peço desculpas se assim, de fato, lhes ocorreu. Não houve esta intenção", escreveu.
"Conforme informado à polícia, eu estava alcoolizado no momento da conversa. Não tenho vícios, mas tinha virado mesmo uma generosa taça de vinho", acrescentou na ocasião.
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