Partidos aliados ao presidente Jair Bolsonaro estão tomando o lugar que já foi ocupado pelo PT na oposição aos candidatos tucanos ou apoiados pelo governador João Doria no interior paulista. E no centro do debate eleitoral está a pandemia e o uso da cloroquina contra a Covid-19.
É por meio dela que os bolsonaristas polarizam as eleições em redutos do PSDB, como Jundiaí, Sorocaba e São José dos Campos. O novo coronavírus ainda coloca em dificuldade os tucanos em Ribeirão Preto. Já em Campinas, é o PT que pretende usar a pandemia para tentar voltar ao poder.
Primeira cidade governada pelo PSDB no Estado, Jundiaí só não teve um tucano na Prefeitura no período de 2012 a 2016. Mas o município de 423 mil habitantes viu a pandemia colocar em campos opostos o atual prefeito Luiz Fernando Machado, candidato à reeleição, e seu vice, o pneumologista Antonio de Pádua Pacheco, do Podemos, que quer o apoio de Bolsonaro.
Segundo Pacheco, que agora também faz oposição a Doria, foi um erro o prefeito Luiz Fernando não ter adotado a hidroxicloroquina para a Covid-19. O medicamento é defendido por Bolsonaro, que afirma ter se curado da doença por causa dele.
"O prefeito decidiu seguir as recomendações do governo estadual e não quis me ouvir. Com a hidroxicloroquina, não teríamos chegado a mais de 360 óbitos na cidade", afirma Pacheco, que elogia a gestão Bolsonaro. "Ele está fazendo uma revolução no País", completou.
Em Sorocaba, o candidato do Republicanos, vereador Rodrigo Manga, pegou o coronavírus e, imitando Bolsonaro, anunciou ter se curado com a cloroquina. O efeito do medicamento contra a doença não é comprovado. Missionário da Igreja Mundial, Manga sonha com o apoio da família do presidente. "Talvez consigamos a vinda do deputado Eduardo Bolsonaro."
Manga critica a prefeita Jaqueline Coutinho (PSL), candidata a reeleição, e Doria. Ele vai enfrentar ainda a deputada estadual tucana Maria Lúcia Amary. O PSDB governou a cidade de 1997 a 2016.
A pandemia pode atrapalhar os planos de reeleição do prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB). O tucano assumiu após a prefeita Dárcy Vera (à época no PSD) ter seu segundo mandato interrompido em 2016, ao ser presa pela Polícia Federal por corrupção. Agora é Nogueira que enfrenta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal, que apura indícios de improbidade no aluguel de ambulâncias por R$ 1,1 milhão. A prefeitura relacionou o relatório do vereador Renato Zucoloto (PP) a um "momento eleitoral". E afirmou que a CPI não levou em conta que, na pandemia, "decisões rápidas e enérgicas devem ser tomadas para salvar vidas".
Na maior cidade do interior, o médico Ricardo Saadi, pré-candidato do Republicanos, terá como vice Wanderlei Almeida, o Wandão, do PSB, partido do atual prefeito Jonas Donizette. O médico tem apoio do DEM, do PSL e do MDB. "O desafio de Campinas é reestruturar o sistema de saúde", disse Saadi.
O vereador e médico sanitarista Pedro Tourinho, candidato do PT, também usa a pandemia para criticar a gestão atual. "Campinas já tem mil vidas perdidas e agora vem a onda de desemprego que vai causar um desalento muito profundo. Isso tem motivado o encontro entre a medicina e a política."
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta