O Ministério da Saúde informou que a vacinação contra a Covid-19 deve começar com os profissionais da área de saúde, idosos a partir de 75 anos ou maiores de 60 -mas que vivam em asilos ou instituições psiquiátricas- e com a população indígena.
A perspectiva é de que a imunização seja iniciada em março de 2021 e finalizada em dezembro, quando há a previsão de oferta de doses suficientes para vacinar o público-alvo. Ethel Maciel, epidemiologista capixaba e membro da equipe que está definindo os grupos prioritários, estima que o prazo para o começo da vacinação seja suficiente, uma vez que os procedimentos para aprovação de imunizantes junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já estão em andamento.
A projeção, segundo Ethel Maciel, é de que 110 milhões de pessoas dos grupos prioritários sejam contempladas com a vacina ao longo de 2021.
A delimitação de quem vai receber as doses consta em um plano preliminar, que foi divulgado nesta terça-feira (1) pelo Ministério da Saúde em uma reunião com um comitê de especialistas, do qual a capixaba é integrante. Para a definição de prioridade na imunização, a equipe analisou artigos científicos publicados por vários países e o comportamento da pandemia no Brasil.
"A decisão se baseou em estudos que mostram quem são as pessoas que ficam mais graves e que mais morrem de Covid", aponta Ethel Maciel.
Segundo o Ministério da Saúde, a campanha deverá ser realizada em quatro fases. De acordo com o cronograma ao qual o Estadão teve acesso, na primeira seriam vacinadas cerca de 14 milhões de pessoas. Além dos idosos com 75 anos ou mais, indígenas e profissionais de saúde, serão contemplados nessa primeira etapa os idosos acima de 60 anos que estejam em instituições de longa permanência (os asilos).
O Ministério da Saúde estima que para esta etapa serão necessárias 29,4 milhões de doses, considerando duas para cada pessoa e mais 5% de perda estimada. Pelo planejamento, essa primeira fase deve durar cinco semanas.
A segunda etapa da vacinação será destinada às pessoas que tenham entre 60 e 74 anos, que serão escalonadas dos mais velhos para os mais jovens. O primeiro grupo desta fase serão os idosos entre 70 e 74 anos, na sequência virão as faixas etárias de 65 e 69 e 60 a 64. A previsão é de que 21 milhões sejam imunizados.
A etapa seguinte prevê que 12,6 milhões de pessoas sejam vacinadas. O público-alvo é formado por maiores de 18 anos com as seguintes comorbidades: diabetes, hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, transplantados de órgãos sólidos, pacientes com anemia falciforme, câncer (com diagnóstico nos últimos cinco anos) e obesidade grave (IMC acima de 40).
A última fase deve abranger profissionais de áreas consideradas essenciais: professores do nível básico ao superior, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e a população privada de liberdade. Ainda não há definição de como deve ser a vacinação para o restante da população.
Em nota, a pasta reforça que se trata de "definições preliminares" da estratégia que vai pautar a vacinação da população contra o novo coronavírus, mas que já possui garantidas 142,9 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 por meio de acordos entre a Fiocruz e a AstraZeneca (100,4 milhões) e a Covax Facility (42,5 milhões), iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Questionada se, com a aprovação das vacinas pela Anvisa, haveria imunização também na rede particular, Ethel Maciel afirma que não há esta previsão no momento. Ela conta que houve um acordo para que a produção inicial seja toda vendida para os governos e, assim, as doses estarão disponíveis no SUS para os grupos prioritários.
"Neste primeiro ano, pelo acordo feito com as empresas, toda a produção é para os governos. Vivemos um cenário de escassez e seriam necessárias muito mais vacinas que o mercado pode produzir. Então, por isso, há previsão de venda para a iniciativa privada", pontua.
De acordo com o plano de vacinação do governo, elaborado pelo grupo de trabalho responsável por criar as estratégias no país, o Brasil deve adotar três tipos de vacina contra a Covid-19 em 2021.
Ethel Maciel revela que está prevista a aplicação de três fórmulas diferentes: da Oxford/AstraZeneca; CoronaVac; e a fabricada pela Moderna, através da Aliança Covax - consórcio firmado pelo Brasil junto à OMS.
Ethel adianta que a vacina produzida pela farmacêutica AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, estará com certeza no plano de vacinação de 2021, pois o governo federal já fez acordo para a compra de milhões de doses, e a organização está com uma parceria de transferência de tecnologia para a Fiocruz.
Por meio de um acordo com a OMS, o Brasil também irá receber a fórmula da Moderna, ao custo estimado de R$ 2,5 bilhões, com doses suficientes para 10% da população. O diferencial da vacina da Moderna é que ela pode ser armazenada a -20ºC, diferente da produzida pela Pfizer que necessita de armazenamento especial a -70ºC, por exemplo.
Já a Coronavac, feita no Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com um laboratório chinês, utiliza uma tecnologia de cultivar o vírus em laboratório e depois o inativar. Esse organismo é capaz de gerar uma resposta do corpo ao entrar em contato com o "vírus real".
Além de indicar os prováveis integrantes dos grupos prioritários para a vacinação da Covid-19, o Ministério da Saúde informou, durante o encontro, que negocia novas aquisições de seringas e agulhas para atender à demanda para vacinação contra o coronavírus. No momento, encontra-se em andamento processo de compra de 300 milhões de seringas e agulhas no mercado nacional para aplicação das doses, e outras 40 milhões no mercado internacional. Para a aquisição interna, já foi realizada pesquisa de preços e emissão de nota técnica para elaboração do edital de compra, que será lançado na próxima semana.
No Espírito Santo, o planejamento também já começou. Para evitar a falta de insumos na campanha de vacinação contra a Covid-19, o Estado preparou a compra de seis milhões de seringas. A informação do secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, foi passada durante o Talk Show CBN, evento promovido pela rádio CBN Vitória no dia 14 de outubro. A previsão é que o material esteja disponível até o final do ano. Várias entidades, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a União Europeia, alertaram nos últimos meses sobre o risco de falta de seringas, lenços e equipamentos de proteção necessários para a imunização. A previsão de Nésio Fernandes é que todo
Com informações da Agência FolhaPress e do Estadão
Após a publicação desta matéria, a epidemiologista Ethel Maciel explicou como foram definidos os grupos prioritários e informou novos dados. O texto foi atualizado.
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