O possível fim dos cortes do governo federal no Ministério da Educação, a popularidade do presidente Jair Bolsonaro e até uma comparação da abrangência do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro com os de outros países: esses foram alguns dos boatos que mais circularam nas redes sociais na última semana envolvendo o governo federal e que foram checados pelo projeto Comprova, do qual A Gazeta é integrante.
Sem fins lucrativos, o Comprova é uma coalizão que reúne jornalistas de 24 diferentes veículos de comunicação brasileiros para descobrir e investigar informações enganosas, inventadas e deliberadamente falsas sobre políticas públicas do governo federal compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
Veja abaixo o resumo de cada verificação. Você pode refazer o caminho das checagem do Comprova clicando em veja a verificação completa para consultar as fontes originais:
É falsa a informação que circula nas redes sociais de que o governo Jair Bolsonaro (PSL) liberou R$ 8 bilhões para a educação no início de outubro. O texto confunde valores desbloqueados em despesas para todos os ministérios e superestima em mais de 300% a parcela de fato destinada ao Ministério da Educação (MEC), de R$ 1,99 bilhão.
O conteúdo verificado pelo Comprova foi publicado em perfis no Twitter e no Facebook. As publicações acusam críticos do governo e estudantes que protestaram contra cortes na área de silenciar diante de um suposto desbloqueio de R$ 8 bilhões para a educação. Cadê a mídia pra dar uma nota sobre isso? Percebam que só falam coisas ruins?, questiona um dos textos que viralizaram.
Na realidade, o que ocorreu foi o desbloqueio, segundo o decreto 10.028 de 26 de setembro de 2019, de cerca de R$ 12,46 bilhões sobre todo o Orçamento da União para 2019.
Desse total, R$ 8,3 bilhões foram para todas as pastas do Executivo (além de Educação, Defesa, Infraestrutura, etc), com apenas R$ 1,99 bilhão destinado ao MEC.
Como a pasta já somava R$ 6,1 bilhões em congelamentos feitos em março e em julho, o R$ 1,99 bilhão liberado não representou bônus, mas apenas um alívio diante da situação anterior do MEC, que ainda opera, segundo a própria pasta, R$ 3,8 bilhões abaixo do previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2019 para despesas discricionárias aquelas não obrigatórias, como custeio e investimento.
Participaram das etapas de checagem e de avaliação desta verificação jornalistas de O Povo, Correio da Bahia, Estadão, Folha de S. Paulo, Jornal do Commercio e Poder360. Veja a verificação completa aqui.
É falsa a afirmação de que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) é o quarto governante mais popular do mundo, como diz um texto que recebeu mais de 150 mil interações no Facebook. O conteúdo usa números de seguidores em redes sociais para atestar a popularidade de Bolsonaro. A metodologia é questionada por profissionais de marketing político e de pesquisas de opinião pública ouvidos pelo Comprova.
Segundo os especialistas, não é possível avaliar a popularidade de Bolsonaro usando números de seguidores, já que nem todos os brasileiros têm conta em redes sociais ou mesmo acesso à internet, além da possibilidade de perfis falsos ou robôs inflarem esses números.
Analistas defendem os métodos usados pelos institutos de pesquisa, que buscam uma amostra de pessoas que seja representativa da população em idade eleitoral, partindo de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por exemplo.
Além disso, um levantamento da quantidade de seguidores de Bolsonaro feito pelo Comprova chegou a resultados diferentes dos mencionados no texto que viralizou. As diferenças estão no número de seguidores sobretudo no Facebook, onde encontramos 1,4 milhão a menos e na quantidade de seguidores angariados nas primeiras 24 horas após o discurso na Assembleia Geral da ONU 10 mil a mais.
O texto sobre a popularidade de Bolsonaro foi publicado no dia 3 de outubro pelo site Crítica Nacional. O link foi compartilhado no Facebook por grupos e páginas como Bolsonaro Opressor 2.0, Por um Brasil Melhor e Somos Todos Bolsonaro.
Participaram das etapas de checagem e de avaliação desta verificação jornalistas de A Gazeta, Correio da Bahia, UOL, SBT, Estadão, GaúchaZH, Jornal do Commercio, Poder 360, Folha de S. Paulo e O Povo. Veja a verificação completa aqui.
Postagem publicada no Twitter pede a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e afirma que o SUS é o único sistema público de saúde que atende a uma população com mais de 200 milhões de pessoas e que fornece remédios de graça algo que, segundo a postagem, nem o equivalente britânico, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês), supostamente faria.
De fato, todo e qualquer brasileiro tem o direito de ser atendido gratuitamente pelo SUS, algo definido na Constituição e na lei 8.080, de 1990. Também é verdade que o SUS fornece remédios gratuitamente. Hoje a população brasileira é de 210,5 milhões.
A publicação, no entanto, comete um erro ao dizer que o NHS não fornece medicação totalmente de graça. O sistema britânico oferece remédios gratuitos para uma lista de doenças e para alguns grupos, como idosos, jovens de até 16 anos, populações pobres ou com doenças graves.
O Ministério da Saúde, contatado pelo Comprova, destacou que o Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que conta com um sistema público (financiado pelo dinheiro dos impostos), universal (para todos) e gratuito para toda a população.
Há vários sistemas de saúde no mundo. Em alguns países, o sistema é público, mas, diferentemente do Brasil, a gratuidade cobre apenas parte da população e o atendimento a que as pessoas têm direito pode variar.
Dos países reconhecidos por possuírem sistema de saúde público e universal, como Reino Unido, Canadá, Dinamarca, Suécia, Espanha, Portugal e Cuba, nenhum tem população superior a 100 milhões de habitantes. O mais populoso é o Reino Unido, com cerca de 66,4 milhões de pessoas.
O Comprova só analisou individualmente os sistemas de saúde dos países com mais de 200 milhões, número citado pela postagem. De fato, nenhum deles possui um sistema público de saúde universal, como o SUS. Foram pesquisados China, Índia, EUA, Indonésia, Paquistão e Nigéria.
Esta verificação do Comprova analisou uma publicação do perfil @Adrieli_S do Twitter.
Participaram das etapas de checagem e de avaliação desta verificação jornalistas de GaúchaZH, Folha de S. Paulo, Band, Jornal do Commercio, UOL, Poder360, A Gazeta, O Povo e Correio da Bahia. Veja a verificação completa aqui.
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