Conteúdo investigado: Vídeo gravado pelo ex-presidente Donald Trump com mensagem para Jair Bolsonaro (PL). No conteúdo, a fala do republicano é sobreposta por uma suposta tradução em português.
Onde foi publicado: TikTok e WhatsApp.
Conclusão do Comprova: O ex-presidente e candidato à presidência dos Estados Unidos Donald Trump não enviou um vídeo para Jair Bolsonaro (PL) após o atentado de 13 de julho afirmando que “tentaram fazer comigo a mesma coisa que fizeram contigo”. A gravação de Trump, na verdade, foi feita em 2022 e se trata de uma declaração de apoio à reeleição do brasileiro, que, na época, publicou a mensagem em suas redes sociais.
No vídeo, é possível ouvir uma fala do Republicano sobreposta por um áudio em português com voz robótica que seria a tradução. No entanto, o conteúdo dessa tradução é inventado e não corresponde ao que Trump diz.
No vídeo original, o ex-presidente americano afirma: “Povo do Brasil, vocês têm uma grande oportunidade de reeleger um líder fantástico, um homem fantástico, um dos maiores presidentes que qualquer país do mundo poderia ter, Presidente Bolsonaro. Ele fez um trabalho absolutamente incrível com a economia no país de vocês. Ele é respeitado por todos em todo o mundo. Portanto, apoio fortemente o presidente Bolsonaro. Ele será seu líder por, eu espero, muito tempo. Ele está levando seu país a um grande patamar. E mais uma vez, o seu país é agora respeitado por causa dele em todo o mundo. Então saiam de casa e votem em Bolsonaro.”
O texto da tradução mentirosa, no entanto, diz outra coisa. “Bolsonaro, meu amigo, tentaram fazer comigo a mesma coisa que fizeram contigo”, “Eles estão por toda parte, mas isso não vai ficar assim” e “Tentaram me matar. A indignação tomou conta de mim. Este não foi apenas um ataque contra a minha vida, mas uma afronta direta à nossa democracia e aos valores que defendemos”, são alguns dos trechos.
A sobreposição atrapalha o entendimento do áudio original. No entanto, é possível observar que, embora a falsa tradução comece com “Bolsonaro, meu amigo”, Trump não fala o nome do ex-presidente no início do áudio. Também é possível identificar que o estadunidense fala o nome de Bolsonaro três vezes na fala original, mas isso não ocorre na faixa sobreposta.
O Comprova tentou falar com dois dos perfis encontrados com trechos do vídeo com dublagem falsa, mas não teve retorno.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: O vídeo foi reproduzido por outras contas e teve até o dia 16 de julho 286 mil visualizações. No entanto, pouco depois, as publicações foram apagadas.
Fontes que consultamos: Reportagens sobre o conteúdo e a publicação original do vídeo.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: A Folha de S. Paulo, a Reuters, o Estadão Verifica e Fato ou Fake, do G1, também verificaram o conteúdo.
O Comprova já checou outros conteúdos que distorcem ou tiram vídeos de contexto e mostrou ser enganoso que membros da Suprema Corte de El Salvador foram presos e falso que Lula (PT) tenha sido vaiado em evento e aconselhado por Janja a deixar microfone.
Investigado por: Correio Braziliense e Terra
Texto verificado por: Estadão, Folha, A Gazeta, SBT, SBT News, Imirante.com e O Popular
O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada e mantida pela Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. A Gazeta faz parte dessa aliança.
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