O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão (PRTB), disse nesta sexta-feira (13) que a vitória do democrata Joe Biden nas eleições americanas está "cada vez mais sendo irreversível".
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o vice-presidente afirmou ainda que caso Washington decida entrar em confronto com o Brasil, terá que enfrentar "um cara que pelo menos tem um canivete"
A posição de Mourão, assim, é diferente daquela adotada pelo presidente Jair Bolsonaro, que mesmo após seis dias ainda não reconheceu a vitória do democrata nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
"Como indivíduo, eu julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais sendo irreversível", afirmou Mourão nesta sexta.
O democrata foi declarado vencedor na disputa contra Donald Trump no último sábado (7), após projeções da imprensa americana indicarem que ele atingiu os votos necessários para ser eleito no Colégio Eleitoral - nome do sistema indireto que define a Presidência nos EUA.
Desde então, Biden já recebeu o cumprimento de uma série de líderes mundiais, incluindo de aliados de Trump, como os premiês do Reino Unido (Boris Johnson) e de Israel (Binyamin Netanyahu). O republicano, porém, não reconheceu ainda o resultado e tem tentado recorrer à Justiça para reverter a derrota.
Com isso, Bolsonaro tem evitado se pronunciar sobre o assunto. Na noite de quinta-feira (12), de forma irônica, o presidente perguntou a uma apoiadora se as eleições americanas já haviam terminado.
Na entrevista desta sexta, Mourão ressaltou, no entanto, que sua opinião sobre o caso era uma posição pessoal. O reconhecimento do novo presidente dos Estados Unidos, afirmou ele, é uma responsabilidade de Bolsonaro.
"Como indivíduo, eu reconheço [os números da apuração da eleição americana], mas temos que olhar que eu não respondo pelo governo", disse ele.
O vice-presidente depois novamente afirmou que a ação de reconhecimento caberia ao presidente Bolsonaro e que "brevemente vai acontecer isso".
Mourão também comentou as condições atuais do Exército brasileiro, assunto que ganhou destaque após Bolsonaro declarar na última terça (10) que o Brasil "tem que ter pólvora" para fazer frente a candidato a chefe de Estado que quer impor sanção por causa da Amazônia.
A fala foi entendida como um recado a Biden, que durante a campanha afirmou que poderia impor sanções ao país por causa da destruição da floresta.
Por causa da fala de Bolsonaro, o Exército brasileiro virou motivo de questionamentos por conta de seu poderio bélico, e alvo de memes nas redes sociais.
Nesta sexta, Mourão afirmou que as forças armadas brasileiras nunca iniciam conflitos e que sua estratégia de defesa se dá principalmente pela "presença" e pela "dissuasão", explicando em seguida o que seria o segundo fator.
"O mais forte, por exemplo, se quiser vir ao Brasil, ele vai brigar com um cara que pelo menos tem um canivete, que pode ferir ele na barriga, e ele sangrar e morrer", afirmou.
O vice-presidente, no entanto, afirmou que Brasil e Estados Unidos têm uma relação secular e que não há tensão entre as duas nações.
Mourão também voltou a comentar a proposta de expropriação de terras quando há registros de crimes ambientais. A proposta consta em apresentação e documentos elaborados pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal ? o qual preside ? e encaminhado a ministérios.
O vice-presidente reforçou que o projeto é apenas um estudo.
Após o presidente ter falado que se tratava de um "delírio" e ameaçar com "cartão vermelho" os defensores da proposta, com exceção de quem for "indemissível", Mourão disse que não conversou com Bolsonaro sobre o assunto, mas que concorda em fazer assim que o chefe do Executivo desejar.
O vice-presidente também comentou as polêmicas recentes envolvendo o Bolsonaro, como a fala a respeito de usar a pólvora e mesmo os ataques ao próprio Mourão.
"Eu vejo a coisa da seguinte forma: o presidente a gente tem que prestar a atenção mais nas ações do que nas palavras", afirmou, que usou uma analogia militar, comparando com paraquedistas.
"Paraquedista quando sai do avião, ele não volta mais".
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