O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender o uso da hidroxicloroquina nesta quarta-feira (8), afirmando que ainda viverá por muito tempo.
Em publicação em suas redes sociais, Bolsonaro aparece sorrindo em uma foto com uma xícara na mão no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República onde o chefe do Executivo está desde a noite de segunda-feira (6), depois que fez exames no HFA (Hospital das Forças Armadas).
"Aos que torcem contra a hidroxicloroquina, mas não apresentam alternativas, lamento informar que estou muito bem com seu uso e, com a graça de Deus, viverei ainda por muito tempo."
Na tarde de terça-feria (7), após divulgar que está com Covid-19, Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais em que toma uma dose de hidroxicloroquina e afirma que "com toda certeza" o tratamento para o novo coronavírus "está dando certo". "Eu confio na hidroxicloroquina, e você?", argumentou na publicação de terça.
O presidente da Fundação Palmares Sergio Camargo escreveu nesta terça que Jair Bolsonaro deveria ser remunerado pelo seu trabalho de divulgação da cloroquina.
Desde o início da pandemia, o presidente entrou em sintonia com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na defesa do uso da hidroxicloroquina associada à azitromicina como solução para o avanço do novo coronavírus.
Nenhum estudo científico até o momento, entretanto, confirmou a eficácia do remédio, que pode causar danos colaterais graves.
Mesmo assim, Bolsonaro pressionou o Ministério da Saúde até a pasta aderir a protocolo de tratamento à Covid-19 não só para casos graves, mas também para pessoas com sintomas leves da doença.
O presidente determinou, inclusive, que as Forças Armadas ajudassem na produção do remédio. O Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército já gastou mais de R$ 1,5 milhão para ampliar, em 100 vezes, sua produção de cloroquina.
A ampliação da produção entrou na mira do Tribunal de Contas da União, que quer saber se houve superfaturamento nas compras do produto e se houve má aplicação de recursos públicos por Bolsonaro ao determinar a ampliação da produção sem comprovação científica adequada.
O laboratório do Exército firmou ao menos 18 contratos para comprar a cloroquina em pó e outros insumos de fabricação, como papel alumínio e material de impressão, ao custo total de R$ 1.587.549,81, segundo cálculos feitos pela Repórter Brasil com base no portal de compras do governo federal. Quase 95% dos gastos foram para a compra de 1.414 kg de cloroquina em pó.
As compras, sem licitação, fazem parte das ações de enfrentamento à pandemia. Os recursos vieram do Tesouro Nacional e foram repassados ao laboratório pelo Ministério da Defesa.
Na publicação desta quarta-feira, Bolsonaro trouxe novamente algumas afirmações que já havia feito na entrevista em que anunciou que está doente.
"Todas as medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos sempre visaram retardar o contágio enquanto os hospitais se preparavam para receber respiradores e leitos UTIs", escreveu Bolsonaro.
O presidente disse ter atendido a todos com recursos e outros meios necessários e citou o pagamento do auxílio emergencial como destaque.
"Nenhum país do mundo fez como o Brasil. Preservamos vidas e empregos sem propagar o pânico, que também leva a depressão e mortes. Sempre disse que o combate ao vírus não poderia ter um efeito colateral pior que o próprio vírus", afirmou Jair Bolsonaro.
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